27 de set. de 2013

Capítulo 4

L - E se eu te disser que estou com muito medo? – As duas haviam se acomodado em seus devidos lugares, Laura na janela e Cecília ao seu lado na poltrona do meio.
C – Então pra que pediu lugar na janela oras?
L – Não, do avião não... Dos próximos 6 meses, serão tão decisivos. Eu estava tão animada, agora que é oficial estou numa tensão só!
C – Relaxa Laura e aproveita. No mínimo, teremos as férias mais legais de nossas vidas. Só você e eu em Seattle, tudo pode acontecer... hahaha.
O avião saiu de São Paulo no Brasil por volta das 08:45 da manhã e foi chegar em Seattle nos Estados Unidos lá pelas 22:00.
Desceram do avião, fizeram todo o procedimento necessário para entrada no país, recuperaram sua bagagem e pegaram um táxi para chegar a casa alugada previamente.
Só fizeram chegar e arrumar o necessário para dormir, o lugar era aconchegante e nada luxuoso, porém tinham tudo o que era necessário e pelo aluguel super em conta não podiam reclamar de nada.
Combinaram de acordar pelo menos as 10:00 no outro dia para explorar o local. Pela manhã andaram para lá e para cá admirando as paisagens conforme o frio permitia, Laura tirando algumas fotos, enquanto Cecília notou um cartaz em um Starbucks pedindo currículos para possíveis funcionários... Veria isso logo que possível.
C – Laura, tira uma nossa pra postarmos no Orkut  avisando a todos que chegamos e estamos bem.
Juntaram os rostos e sorriram para a câmera que soltou seu flash, captando o início da mudança de suas vidas. (antes que vocês digam que somos OLD SCHOOL, lembrem-se : estamos em 2004)


T – Eu consegui um estúdio maneiro pra gente em Seattle, lá vamos poder compor, ensaiar e até gravar... Foi a melhor maneira que encontrei de virmos sem parar nosso projeto, porque atrasar ainda mais que esse CD saia me dá nos nervos só de pensar.
Z – Ótimo! Minhas aulas são pela manhã, temos a tarde e a noite toda para isso.
I – Combinamos os mesmos dias e horários que já fazíamos em Tulsa, depois o que sobrar fica pra gente... Já que estou a caminho de Seattle, alguma diversão tenho que ter.
T – Falou e disse Ike.
Ao verem a fachada da casa escolhida reconheceram na mesma hora... Por dentro era bem espaçosa, Zac inicialmente imaginou ter exagerado na escolha, mas tudo bem, o aluguel para eles não era problema e era bom terem cada um seu espaço nessa viagem... Não estava a fim de aguentar mal humor de ninguém.
Olhou no relógio, 09:45 da manhã, passaram a noite toda viajando... Caiu na cama com a roupa do corpo mesmo, só pensava em descansar, quando já sentia seus sentidos desligarem um a um, Isaac e Taylor entraram no seu quarto o acordando.
T – Hey, pode levantar... Vamos sair um pouco, olhar ao redor, nada de dormir.
Z – Caras, eu to só o pó! Preciso dormir e agora.
I – Claro que não, a gente passa em algum lugar e você toma um café!
Relutante, levantou, foi ao banheiro dar uma lavada no rosto, pegou a carteira e saiu com os irmãos. Reparou nas casas e arvores ao redor, já imaginava suas fotos nos próximos dias.
Então, avistaram um Starbucks alguns quarteirões a frente, tomaram seu café por lá e conversaram sobre música e os próximos passos da banda. Enquanto isso, duas garotas passavam por suas janelas, pararam e tiraram uma foto de ambas soltando um flash.
Zac olhou com atenção, a câmera da garota morena era muito parecida com a sua, observou quando elas foram embora e pensou que já havia começado a gostar do lugar!
Faltavam apenas 3 dias para o início das aulas.

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C - Laura, acho que vou levar meu currículo lá naquele Starbucks... será que eu consigo?
L - Ah, consegue sim! Você manda bem no inglês, bem melhor do que eu, por sinal... manda! Num custa nada! Se bem que, se tem alguém aqui que tem que trabalhar sou eu, né... você ainda tem suas economias, eu que já tou quase sem grana!
C - Ai Laura, cala a boca! Se você ficar broken antes de conseguir alguma coisa, seu Cecilia’s bank está à disposição 24 horas por dia, 7 dias na semana! HAHAHAHA
L - Só você mesmo, né amiga? Sempre me fazendo rir, até nos momentos mais desesperadores... acho bom eu levar um currículo nessa Starbucks também, porque eu vou precisar trabalhar, além de termos que pagar as contas, eu ainda vou ter que comprar um monte de livro do curso, e um INFINITO de lentes pra câmera... porquê foi que eu inventei isso mesmo, hein? - às vezes Laura tinha dessas, de parar e pensar porquê é que ela tomava certas atitudes.
C - Porque esse é o SEU sonho, e sonho a gente corre atrás, simples assim. Ei, relaxa, se você precisar de grana, é só me pedir. Sério.
Laura sorriu. Sabia que a amiga era assim, e que se ela passasse mesmo algum perrengue, a amiga estaria ali pra ajudar... era assim desde que tinham se conhecido. Aliás, quando Laura conheceu Cecília, ela já tava num perrengue... lembram?


Lá foram as duas com os curriculos embaixo do braço, lá naquele mesmo Starbucks em que tinham parado pra tirar uma foto... deixaram os papéis e aproveitaram pra tomar um chocolate quente, o frio lá fora estava cortante, apesar de já estarem praticamente no final de fevereiro.

25 de set. de 2013

Capítulo 3

Cecília havia acabado de contar aos pais sobre os planos da viagem, quando Laura chegou a sua casa toda esbaforida, visivelmente abalada. Já no quarto:
C – Ei, qual é o problema com você?
L – Cecília, não sei o que fazer... Tenho organizado tudo, inclusive conversei com meu chefe, fico até o fim do mês no banco, depois me mando de lá! Mas minha mãe, isso será o maior problema, todo dia acordo, me olho no espelho e me encorajo a conversar com ela, mas quando estamos cara a cara tenho até vontade de chorar.
C – Laurinha, amiga, diga a ela qualquer coisa, que vai fazer um intercâmbio pra melhorar seu inglês, ela vai ficar toda feliz, tenho certeza! Não conte a verdade, você vai arranjar uma discussão sem necessidade.
Laura sabia que devia seguir o conselho da amiga, inventar uma desculpa, não contar a verdade para evitar brigas, era óbvio que sua mãe teria um ataque ao saber dos reais planos da filha para os próximos meses.
No fundo, Laura desejava mesmo é que seus pais a apoiassem a seguir a profissão que mais queria, mas se não podia ser assim, ela prometeu a si mesma que não desistiria, mesmo que precisasse conquistar tudo sozinha, mesmo que precisasse enfrentar tudo e todos.
L – Foi isso o que você fez?
C – Exatamente! Disse a minha mãe que farei um curso complementar de gastronomia rápido em Seattle, tudo certo, sem questionamentos. Eu já cozinho bem, levo jeito pra coisa naturalmente, você sabe... Ela nem vai notar!
L – Ai Cecy, só que pensa comigo, estou pedindo as contas no trabalho, não posso mentir também sobre isso, se ela descobrir depois será ainda pior.
C – Bom, você quem sabe. Eu só quero o melhor pra você, estou aqui pra tudo, ok?
L – Já sei, você me deu uma ótima ideia. Vai comigo falar com minha mãe.
C – Você tá louca garota? Que morra você sozinha, prometo que vou ao seu enterro tá?
L – Engraçadinha... Você vai comigo sim, preciso de você e se bem ouvi, estará aqui comigo pra tudo né?
C – Droga! Eu tenho mesmo que tomar cuidado com o que falo perto de você... Ok, eu vou, eu vou. Quando pretende fazer isso?
L – Ai, te amo amiga – Disse lhe dando o sorriso que só os amados de Laura o conheciam – Obrigada, obrigada! Você tem sido a melhor amiga de todas do mundo inteirinho.
C – Quando Laura? – Disse Cecília fingindo um mal humor.
L – Bom, temos cerca de duas semanas, o que você acha?
C – Por mim iríamos lá agora mesmo, seus pais estão em casa?
L – Ai meu Deus Cecy, será? Eles estão sim.
C – Vamos. Chega de sofrer de ansiedade, se você está tão decidida como eu sei que está, as coisas irão acontecer de uma maneira ou de outra. Vem! – Disse segurando em seu braço e a levando para sua casa.
Um momento depois estavam na porta de Laura, ela respirava fundo e ensaiava para abrir a porta.
C – Vai amiga, eu to aqui.
Laura abriu a porta e deu de cara com a mãe indo da cozinha para a sala, onde o pai estava.
C – Olá dona Helena! Olá Sr. Mário.
M – Olá!
H – Oi Cecília. Laura, você está bem? Está meio pálida.
As duas garotas sentaram no sofá que estava vazio, enquanto Laura procurava por onde começar.
L – Mãe, pai, preciso conversar com vocês.
M – Aconteceu alguma coisa?
L – Mãe, eu larguei meu emprego.
H – Como? Porque? A Joana conseguiu a vaga pra você, disse que havia muitas chances de você fazer carreira lá dentro, não entendo.
L – Vocês sabem que desde o início não concordo em levar essa vida administrativa que sonham pra mim não é? Estive no banco esse tempo com apenas um objetivo. Hoje tenho como me bancar para fazer o curso de fotografia que tanto quero e em Seattle, me matriculei há alguns dias, já tenho onde ficar e espero conseguir um “bico” por lá. Eu e a Cecy... - Ela teve que respirar fundo antes de continuar - viajamos daqui duas semanas. – Terminou jogando as palavras como se tivesse medo de perder a coragem.
H – Fotografia? Em Seattle? Você pirou de vez. Vocês estão juntas nisso? – Indagou apontando para as duas no outro sofá.
C – Sim dona Helena, vou fazer um curso de gastronomia no mesmo lugar que a Laura, minha mãe já sabe e está de acordo.
Um silêncio enorme se fez na sala, no rosto de Helena havia apenas indignação, até que todos ficaram incomodados com isso. Helena já ia abrindo a boca para dar o maior sermão da montanha na Laura (como já era esperado por ela e até por Cecília, que conhecia a mãe da amiga muito bem) , mas foi cortada pelo marido.
M – Deixe ela ir.
H – O quê? Como assim Mário?
M – Você ouviu bem, deixe ela ir. – E mesmo que falasse com a mulher, olhava diretamente para Laura. - Já se matriculou e arrumou lugar para morar, isso não me parece um pedido, e sim um comunicado. 6 meses bancando a si mesma, curso, aluguel, contas, lavando a própria roupa, fazendo a própria comida. Eu espero que isso dê um rumo para você, minha filha – Finalmente se dirigindo diretamente a ela. – É hora mesmo de você amadurecer.
L – Pai, me desculpe! Não quis ofendê-los indo atrás de tudo sem comunicá-los, é só que se não fosse assim não seria, entende? Me dêem 6 meses, se isso não der certo, prometo que desisto e faço o curso que vocês quiserem daí em diante.
Cecilia arregalou os dois olhos, por um momento sentiu medo pela amiga, era o sonho dela que estava em jogo.
M, H – Fechado! – Os pais concordaram juntos se entreolhando.
L – Ok, combinados.
Se levantou, com uma expressão muito séria, puxando Cecília consigo para fora da casa, ao passarem pela porta desabou em lágrimas, recebendo um abraço da amiga.
C – Amiga, não fique assim, são seus pais, eles querem o melhor pra você, é normal. Eu estarei lá com você e não te deixarei cair ok? Vamos conseguir, tenho certeza.
L – É isso. Eu vou mostrar pra eles que não estou errada. Vamos conseguir amiga. – Secou as lágrimas, se despediu de Cecília que voltou pra casa e subiu para o seu próprio quarto.
Foi uma noite difícil de dormir, mas após algumas horas pegou no sono e sonhou com Seattle.
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D - E vocês já arrumaram tudo por lá? Casa, estúdio para ensaiarem?
Z - Sim, mãe, já está tudo certinho nessa parte. Semana que vem nós já estamos indo pra lá. Minha matrícula no curso também já está certa. Agora é só ir... e dar o melhor de mim.

Diana sorria, ao ver o filho tão determinado por algo que queria. De seus três filhos mais velhos, ele sempre tinha sido o que menos tinha exposto seus sonhos e vontades a ela. Sabia que ele deveria mesmo querer isso, pois tinha movido céus e terra, e até convencido os irmãos (em especial Isaac, que ela conhecia bem e sabia que não tinha um gênio nada fácil) a estarem ao seu lado. Ela estava com medo? SIM. Mas ela se sentia ainda mais orgulhosa do filho. Eles realmente estavam crescendo.

D - Filho, você quer que a mamãe vá junto com vocês, pra decorar a casa, colocar algumas coisinhas na geladeira? Eu fico lá por uma semana, e depois volto... seu pai pode cuidar das coisas aqui por mim.
Z - Mãe, obrigada, de coração, mas realmente não é necessário... a Zöe ainda é pequena e muito dependente da senhora. E outra, tá mais do que na hora de a gente aprender algumas coisas com a vida, né? Mas eu agradeço, mãe, de coração.

Diana concordou, Zac estava certíssimo. Seus três filhos mais velhos nunca tinham sido do tipo rebeldes e ingratos. Pelo contrário, desde pequenos, sempre agradeciam tudo o que a mãe fazia para eles, até quando ela ia guardar as roupas limpas nas gavetas. Isaac foi o primeiro, Taylor observou e pegou isso de Isaac, e passou também para Zac. Diana não poderia, nem por um instante, imaginar que eles não se virariam bem em Seattle. Ela sabia que eles iam dar conta de tudo... e sabia também que, esse tempo só para os três, seria ótimo para que eles se descobrissem melhor como banda, como irmãos e como indivíduos.

Walker acertava todos os detalhes "administrativos" com Isaac. Desde que começaram a ser uma banda e ganhar muito (é MUITO mesmo) dinheiro, era Walker quem cuidava de tudo para eles. Walker nunca gastou UM CENTAVO do dinheiro dos filhos, mesmo quando eles estavam em turnê pelo mundo, quando tinham tempo livre para passear, Walker levava a família toda para parques, museus, tudo com o seu próprio dinheiro. Sua posição na petrolífera o permitia que trabalhasse em qualquer lugar do mundo, de maneira que eles nunca ficariam desamparados. Quando os meninos cresceram, eles cogitaram pagar um salário ao pai, já que ele era o empresário deles, mas Walker não aceitou. Ele não achava certo, quem tinha se apresentado eram os meninos, portanto o dinheiro era todo e exclusivo deles. Eles nem faziam idéia de quanto dinheiro tinham em sua conta. Teriam agora, e Walker esperava, do fundo de seu coração, que eles não deixassem o dinheiro subir às suas cabeças.

Zac e os irmãos acertaram todos os detalhes para a partida com os pais, e quando ele menos esperava, era hora de arrumar as malas para partir nessa aventura de 6 meses que, com certeza, mudaria muitas coisas em sua vida.

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Laura estava sentada no meio de seu quarto, com a mala aberta e as roupas em cima da cama. Ela realmente não sabia o que ia colocar lá dentro. Talvez colocasse tudo? Afinal, eram 6 meses, e não 6 dias.

Alguém batia na sua porta.
"ENTRA!" - ela gritou, mesmo sem a menor vontade de receber alguém naquele momento. Ela precisava se concentrar, realmente se concentrar, na arrumação da mala (e ela ia ter que fazer esses 6 meses caberem numa mala só, foi a única mala grande que seu dinheiro restante pôde comprar), e alguém a atrapalhando nesse momento não iria ajudar em nada.

M - Atrapalho? - o pai perguntou, sabendo exatamente o que se passava na cabeça da filha. Ela achava que não, mas o pai a conhecia como a palma da sua mão.
L - Claro que não, pai... eu só tou meio perdida com a mala... não sei o que levar. Tem que caber 6 meses de vida nessa mala.
M - Tenho mais uma para você. - revelando o que tanto escondia atrás de si desde que entrara no quarto, estendeu a imensa mala azul céu para ela, a cor que ela mais gostava.
L - Pai... o senhor não precisava ter comprado uma mala para mim. Eu já tinha comprado uma, e eu disse que não queria gastar o dinheiro de vocês, que eu ia fazer tudo por conta própria.
M - Sim Lau, eu sei disso tudo. Mas eu posso ao menos dar um presente de "independência" pra minha filhinha, que tá saindo de debaixo das minhas asas pra voar sozinha?

Laura riu pro pai... a única coisa que ela não queria agora era chorar, portanto, ela tratou de levantar e abraçá-lo. Segurou as lágrimas que já queriam correr pelo rosto, respirou fundo. E sorriu. Queria mostrar pro pai que ela tava confiante e que tudo ia dar certo, mesmo que ela estivesse morrendo de medo por dentro.

M - Lau... eu só queria que você soubesse que, se precisar de qualquer coisa, eu estarei aqui. Eu e sua mãe.
L - Mamãe não gostou muito da idéia de eu ir estudar fora, ainda mais fotografia. Por ela, eu ficaria a vida inteira enfurnada naquele banco, e eu não quero isso pra mim, pai...
M - Filha, eu sei que você não quer isso. Sua mãe tem sonhos e expectativas pra você, tente entendê-la. Assim como eu tenho tentado fazê-la entender que os sonhos dela não são e nem podem ser os seus. Você é uma pessoa completamente diferente dela. Ela não pode querer que você seja o que ela queria ter sido... querida, de minha parte, tenha certeza de que eu estarei sempre te apoiando. Acho mesmo que esse tempo será ótimo para você, para que você se descubra. - ele percebeu que a filha estava segurando o choro. Sabia que ela era orgulhosa demais para demonstrar seus medos. Ele mesmo era assim. - Bom, vamos arrumar essas malas? - o pai sentou-se na cama e começou a pegar as roupas dela, uma a uma.  - Isso não, né Lau? Isso é brega demais!
Ela e o pai ficaram ali, sentados, rindo, por horas.

Cecília passava pelo mesmo dilema : O QUE LEVAR?
As trezentas malas roxas, no chão, aguardavam ansiosamente por roupas. Uma coisa ela já sabia : teria que levar uma mala apenas para os seus sapatos. Com isso ainda lhe sobravam duas malas. E ela teria que fazer todos os seus vestidos, saias, blusinhas, calças, casacos e afins caberem ali.
C - Vaaaaaaaamo Cecília, pensa... você consegue. Faz uma lista.
Ela pegou um papel e começou a listar tudo o que achou que seria interessante levar.
A irmã bateu na porta do seu quarto.
Cl - Cecília? - ela abriu uma frestinha e ficou olhando por ela.
C - Entra, pirralha!
Cl - A mamãe tá te chamando pra jantar... o que aconteceu? Passou um tornado por aqui, é?
C - HAHAHA, engraçadinha. Não tem tornados no Brasil.
Cl - AINDA. Mas terão. O clima está ficando doido, e você tá percebendo.

C - PUTZ, você tá ficando nerd que nem a Laura. ARMARIA, num vou aguentar duas nerds em minha vida... - Cecília olhou pras roupas no guarda-roupa e seu estômago roncou. - Ah, vamos comer, depois eu termino isso! - pegou a irmã mais nova pela mão e desceram para encontrar a mãe na cozinha.

19 de set. de 2013

Capítulo 2

Quatro semanas se passaram.
Laura finalmente tinha toda a grana de que precisava. Ligou para Cecília.
L – Vem pra cá. Hoje vamos fazer nossa inscrição na faculdade.
C – Laura, LAURA, calma, respiiiiiira! Preciso ver se minhas economias dão pra isso!
L – Cecília, me poupe, vai. Você vem salvando grana desde que tinha DOZE anos de idade!
C – Okay, verdade. Mas já usei um pouco. Meus livros da faculdade não eram NADA baratos.
L – Ainda assim, Cecy, você deve ter mais dinheiro do que eu, te garanto!
C – Falando nisso, Laura, quais são seus planos? Como vamos nos manter em Seattle por 6 meses? Quer dizer, vamos precisar de um emprego, eu acho.
L – Okay, quando a gente chegar lá, resolvemos isso. A única coisa que a gente precisa, e AGORA, é fazer a inscrição. Ainda temos que ser admitidas. Não esqueça de trazer seu TOEFL score! Você vai precisar dele. Já ta vindo?
C – AAAAAI LAURA! Quando você enfia alguma coisa na cabeça, agüenta você, né? Já tou indo, dá 15 minutos que já chego aí.
Cecília foi até sua gaveta, separou alguns documentos dos quais precisava (incluindo o TOEFL score), colocou tudo na bolsa, pegou a chave do carro e desceu as escadas. Encontrou sua mãe na sala, recém-chegada do trabalho.
C – Oi mãe, já chegou?
A – Saí mais cedo hoje... então, onde você tava indo?
C – Vou na Laura. Parece que ela precisa de ajuda com... – Cecília escolheu bem as palavras. Sua mãe não precisava saber que ela ia estudar em Seattle, junto com Laura, ainda mais fazendo dança. Ainda não era hora de ela saber.  – umas coisas que ela trouxe do banco. Ela precisa dar baixa em um monte de títulos de protesto para amanhã.
A – E é permitido isso? Trazer coisas do banco pra casa?
C – Não é, né mãe, maaas enfim, o que ela ia fazer? Ela não pode ficar além de seu horário, então a solução foi trazer o serviço pra casa... – Cecília estava nervosa. Odiava mentir para sua mãe. – Bom, tô indo que ela ta me esperando... eu provavelmente demore lá, então nem precisa me esperar pra jantar. Já está tudo pronto na geladeira, é só esquentar!
A – Obrigada, filha.
C – Tchau mãe, até mais tarde.
Cecília entrou no carro, ainda tremendo um pouco. Ela ainda precisava achar uma boa desculpa pra dar à mãe. Ela não podia simplesmente chegar de uma hora pra outra e dizer : oi mãe, tou indo estudar dança em Seattle, beijo tchau! Ela sabia que o sonho da mãe era vê-la e seu próprio restaurante, e toooodo aquele bla bla bla que ela já conhecia de cor e salteado, desde os seus 15 anos. Cecília e Laura tinham acabado de se formar. Nem tinham um emprego decente ainda. Laura trabalhava no banco, como funcionária temporária, até que ganhava um salário bom pra primeiro emprego, e Cecília trabalhava como recepcionista bilíngue numa empresa de logística. O que já estava a deixando meio de saco cheio. Aquilo não era pra ela. Ficar o dia inteiro sentada atendendo telefone, mandando e-mails, recebendo pessoas, preparando reuniões, comprando passagens aéreas pros diretores... ela é quem queria estar viajando! Mas pera... não era exatamente isso que elas iam fazer? Foi o que ela pensou, enquanto dirigia para a casa de Laura.
Estacionou o carro, e tocou a campainha.
H – Oi Cecy! Tudo bem? Veio ver a Laura?
C – Oi dona Helena! Vim sim, onde ela ta?
H – No quarto, ela ta cercada de coisas do banco... uns papéis de títulos de alguma coisa, num entendi direito o que ela me falou.
C – AHAHAHA, sim, claro, foi por isso que ela me ligou, pra eu ajuda-la. Ela sabe que eu digito super rápido, aí fica abusando das minhas mãos, porque ela não pode ter tendinite, mas eu sim, né! Certinha ela! (Cecília ria. Até as mentiras que as duas contavam eram iguais, Deus, elas tavam perdidas na vida mesmo.)
H – Ai, vocês duas... posso jurar que vocês devem ter sido irmãs em uma outra vida!
C – Talvez... – Cecília não acreditava nessa coisa de “outra vida”. Vida era uma só, era essa, era agora. Se existisse mesmo essa parada aí, porquê deixar a outra vida, que deveria ser melhor do que essa, pra vir pra esse mundo sofrido, onde filhas “exemplares” tinham que mentir pra mãe, só pra não desaponta-las? É, Cecília ainda estava meio tensa com toda essa história de viagem... puta merda, a Laura só a metia em roubada!
H – Bom, parada aí na porta é que você não pode ficar, né? Sobe lá no quarto da Laura, quando o jantar estiver pronto, eu chamo vocês... você fica pra jantar conosco, né?
C – Provavelmente sim, dona Helena!
Cecília subiu. Entrou no quarto de Laura (ela nem batia na porta, não precisava disso. Cecília já era da casa) e a encontrou na frente do computador, com a cara mais perdida do mundo. A mesma cara que ela estava no dia em que se conheceram...
“Caramba! Quem é essa? E que cara de medo é essa? Será que ela é aluna nova? Coitada, ela vai ter a maior dificuldade do mundo pra fazer amigos. Vou desejar boa sorte, ela vai precisar.” – Cecília tinha acabado de chegar na sala de aula, estava super empolgada pelo primeiro dia na escola, reveria todos os seus amigos, e aquele era um ano especial, era o último ano da turma no chamado “primário”. A partir do ano que vem, eles estariam na 5ª série, e seriam “ginasiais”. Não via a hora de rever as amigas. Dois  meses longe da turma tinha sido bastante tempo. Ela tinha se divertido tanto nas férias! Não via a hora de contar para as amigas como tinham sido as férias na Europa.
Sentou-se em sua cadeira cativa (desde a primeira série, a disposição das carteiras era a mesma) e ali ficou, esperando as amigas. Elas foram chegando, uma a uma. Cada abraço, cada  gritinho empolgado, já era esperado. E a menina nova continuava ali, parada, com o olhar perdido e a expressão de quem estava com muito medo do que viria a seguir.
Cecília estava incomodada. Será que ela não iria sentar? Virou-se para as amigas e perguntou se podia chamar a menina nova para se sentar junto com elas. Algumas disseram TANTO FAZ, outras não gostaram muito da idéia, mas quem não gostou mesmo foi Beatriz, a “líder” da turma. Bom, Cecília e ela já não estavam se dando muito bem mesmo, ultimamente Beatriz andava por aí como se tivesse o rei na barriga... ela foi até a menina, e passou a mão na frente do seu rosto, pra se certificar de que ela estava realmente ali e que não iria falar sozinha, como se estivesse falando com uma parede.
C – Olá-ááá... tem alguém aí?
Laura se assustou. De verdade.
L – Puxa! Desculpe, me assustei.
C – Nossa, eu sei que não sou lá essas coisas de bonita, mas as pessoas por aqui geralmente disfarçam, sabia?
L – Não, não é isso! É só que... eu... to meio perdida. Num sei direito o que fazer.
C – Bom, acho que você poderia escolher uma cadeira e se sentar. Aproveita que a sala ainda não lotou, e tem um monte de carteiras disponíveis.
L – E-Eu... eu posso me sentar naquela ali? – apontou para uma carteira ao lado da de Cecília.
“Ai caramba, justo naquela... a Beatriz vai ficar uma fera...  bom, e daí também, né, não tenho nada a ver com os chiliques da Beatriz.”
C – Pode. Vamo lá.
Laura se sentou ao lado de Cecília. Não demorou muito, e a maior parte da turminha de Cecília já estava a excluindo dos papos.
Dias se passaram. Cecília passava os intervalos tentando inserir Laura na turma. As meninas reclamavam, falavam que Laura não tinha nada a ver com elas. “Aqueles óculos enormes são muito bregas!”, elas diziam. Cecília, sem saber direito o porquê, se sentia bem com Laura.
Até o dia em que chegou a Beatriz, com todo seu nariz empinado e sua pompa de princesa, e disse a Cecília que ela teria de escolher entre a turma e a Laura. E ela, com o maior orgulho do universo, encheu a boca e disse : Eu escolho a Laura!
Laura não podia negar que estava muito feliz, Cecília tinha sido gentil com ela desde o começo. Mas, por trás dos óculos enormes de aro grosso, os olhinhos dela continuavam amedrontados...”

E foi olhando pros olhos de Laura que Cecília lembrou-se de voltar para a realidade.
C – Laura... você tá com  a mesma cara de quando eu te conheci... o que foi agora? Num vejo uma sala de aula cheia de idiotas na nossa frente!
L – Ainda não... mas terá. Logo menos.
C – Quer desistir? Ainda dá tempo!
L – Mané desistir! Você sabe que eu não sou de desistir do que eu quero! Nós vamos, e pronto.
C – Sabe, Laura, tem horas que eu me arrependo de ter ido te chamar pra sentar do meu lado, lá na quarta série. Você só me mete em encrenca.
L – Mas fala que você adora se meter em encrenca comigo... não adora?
C – Éééééé... NÃO!
L – Okay, Cecy... se você não quiser fazer isso desta vez, sem grilos... vou sozinha... –e Laura virou-se para a tela do computador outra vez.
Cecília se aproximou dela, a abraçando.
C – E quando foi que eu deixei você se meter em furada sozinha? Nós temos um trato, não temos? TAMO JUNTA, parceira!
Laura gargalhou tão alto que a mãe gritou lá de baixo o que é que estava acontecendo.
L – Nada, mãe! Você sabe como a Cecy é palhaça!
C – E ainda saio de idiota na história... ai ai... bora dona Laura Azevedo, faz logo essa inscrição aí, antes que eu me arrependa.
Cecília e Laura sentaram-se uma do lado da outra. Começaram pela inscrição de Cecília, no curso de dança.
Logo após, Laura fez a dela, no curso de fotografia.
L – Pronto!
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Zac fechou o notebook.
Z – Feito. Daqui um mês, começam minhas aulas. Já podemos começar a procurar algo em Seattle?
T – Zac, eu preciso conversar com a Rachel. Ela não pode sair daqui agora, ela tá no meio da faculdade dela... e eu vou ter que ir com você, não tem jeito. Não sei como ela vai reagir à isso.
I – Taylor, também num precisa de tanto drama. Daqui a 6 meses, estaremos de volta. Aliás, vai ser bem bom vocês se afastarem um pouco, porque o que vocês têm brigado ultimamente, olha, num tá fácil aguentar vocês não!
T – Como assim, Isaac? Quando foi que eu briguei com a Rach na frente de vocês?
I – Você não briga com ela na nossa frente, mas depois temos que aguentar o seu mal humor.
Z – É verdade, Taylor. E Isaac, o que você vai fazer com a Ashley?
I – Vou fazer o quê? NADA, oras, não tem o que se fazer. Eu e ela ficamos umas 4 vezes, nada mais. Não quero ter compromisso com ninguém nessa altura do campeonato. Temos que focar na NOSSA gravadora, no NOSSO CD... isso é que é o importante agora. E, claro, o curso de fotografia do Zac.
Z – Okay, olhem só, achei este pra gente locar... o que acham? – Zac virou o notebook para os irmãos. Era uma bela casa em Capitol Hill.
I – Três quartos... é tá bom, gostei.
Z  -Beleza! Já vou entrar em contato com a mulher, podemos ir pra lá semana que vem e ajeitar as coisas, o que vocês acham?
T – Espera eu conversar com a Rachel primeiro, Zac?
Z – Tudo bem, Taylor. Você tem até amanhã pra falar com ela.
Taylor não precisaria de todo este tempo. No mesmo instante, pegou as chaves, e saiu.
A conversa com a Rachel não seria fácil... a relação dos dois já andava meio estremecida. Agora então, com ele indo pra Seattle... ele tava apostando que ela não ia curtir nada essa história.
E foi mesmo. Ela não curtiu. E Taylor voltou pra casa mais triste, mas também mais leve.
I  -E aí, Taylor, como foi com a Rachel?
T – Bom, foi basicamente isso : eu falei que ia pra Seattle, ela perguntou o porquê, disse que o Zac iria fazer um curso, e que nós 3 não poderíamos ficar separados agora, ela disse que não havia necessidade nenhuma de eu ir, que o Zac é grandinho e sabe se virar sozinho, e aí eu expliquei que ele REALMENTE não pode ir sozinho, ela ficou brava, e aí eu disse que era melhor a gente dar um tempo. Nem preciso dizer que ela ficou FULA da vida, né... enfim, tou tranquilo agora. Acho que já brigamos tudo que tínhamos pra brigar, e vamos ter 6 meses de paz...

Z – Ou não, né? Vai saber...

18 de set. de 2013

Capítulo 1

I – Pronto, agora deu! Ô Zac, quem foi que enfiou essa ideia na tua cabeça?
Z – Ninguém enfiou nada na minha cabeça, Ike! Só quero fazer, e pronto! É tão difícil entender que eu tenho uma vontade própria fora da banda? – nervoso. Ele tava nervoso. Tanto que tava com as baquetas na mão, batucando as almofadas do sofá do estúdio.
T – Bom, Zac, eu... sei lá. Acho que concordo com o Ike. COMASSIM você quer parar tudo agora pra fazer curso de fotografia? FOTOGRAFIA?
I – E em SEATTLE, ainda por cima! Ninguém te informou que lá SÓ CHOVE, tipo, 365 DIAS NO ANO?
Z – E ninguém te ensinou que é um lugar LINDO, com paisagens fantásticas e um lugar IDEAL pra um estudante de fotografia?
T – Mas Zac... você não pode ir agora... I mean... não podemos ficar longe um do outro agora! Toda essa pressão de sairmos da gravadora, e talz... temos que ficar juntos! Terminar esse CD juntos! Lançar essa merda juntos!
Z – Por isso que eu tou pedindo TÃO encarecidamente pra vocês irem comigo! Taylor, quando você veio com essa ideia de sairmos da gravadora e lançar essa coisa sozinhos, eu te apoiei, eu fiquei do seu lado, mesmo quando o Ike vinha com todo o sermão da montanha de que não ia dar certo e todos os bla bla bla do universo. Ike, quando você quis fazer o tal do curso de bartender, o que nos obrigou a ficar 3 meses se encontrando aqui de madrugada, eu também te apoiei! POR QUÊ RAIOS VOCÊS NÃO PODEM ME APOIAR AGORA?
I – Porquê agora a gente vai ter que se locomover FISICAMENTE! Enfia na cabeça!
T – Ike... acho que devíamos dar um voto de confiança ao Zac. Sei lá, de todos nós, ele é o que menos opina, o que sempre apoia todo mundo... acho que meio que devemos isso a ele.
Z – Obrigada, Tay. Ainda bem que você tá do meu lado. Pelo menos alguém nesse mundo me apoia!
O Taylor entendia. Zac andava muito estressado com esse papo todo de sair-da-gravadora-e-lançarmos-nosso-cd-por-conta-própria e precisava desestressar. “Mas tinha que ser logo em Seattle? Poxa, Zac, você também força a amizade, viu...”

L – Mané força a amizade, Cecy! Seattle é um dos melhores lugares DO MUNDO pra se estudar fotografia! Olha essa paisagem! OLHA AQUI! – Laura praticamente enfiou a cara da amiga no monitor.
C – MEU, o que é que eu vou fazer em Seattle? Sério?
L – Você vai fazer dança, oras! Lembra que você sempre quis fazer isso, mas foi fazer gastronomia? Aaaah Cecy, lembra do nosso trato, vai!
E então a Cecília botou a mão na testa, como que se fazendo um esforço pra lembrar. Aí ela lembrou. Que elas tinham um trato de ficarem sempre juntas.
C – Tá. Okay. Vamos pra Seattle...
L – Eu já te disse que você é a melhor amiga do mundo? Se eu não disse, digo agora: Você é a melhor amiga do mundo! – Laura foi até a amiga,e  praticamente a esmagou.
C – Se você me matar de falta de ar, vai ter que ir sozinha! – riu, e se soltou do abraço. O sorriso estampado na cara da amiga dizia tudo : ela estava feliz. E o que mais ela poderia querer, além de ver a amiga tão feliz assim?
Cecília era assim mesmo. Do alto de seus 1,58 E MEIO (como ela sempre insistia em dizer), estava sempre disposta a fazer tudo pelo bem estar e felicidade dos amigos queridos. Dona de um coração do tamanho do Brasil, e de dois olhos azuis do tamanho do mundo, que estavam sempre procurando novidade. Estava sempre cercada pelos amigos, mas tinha MUITA dificuldade de confiar nas pessoas. A única pessoa que sabia mesmo o que sempre se passava com ela era Laura.  Tinha feito gastronomia para agradar a mãe, que sonhava em ver a filha dona de seu próprio restaurante mas, embora ela gostasse muito de cozinhar e tivesse muito talento pra isso (palavras da mãe, da Laura, da irmã mais nova, dos amigos...), a dança era sua verdadeira paixão. Dona de uma voz encantadora, gostava de cantar também. Mas se a perguntassem se preferia um microfone ou uma sapatilha, ela ficaria com a segunda opção. Adorava ler um bom livro, tinha uma coleção interminável de esmaltes, apaixonada por maquiagem e perfumes. Essa era a Cecília, toda perua.

Laura já fazia  mais a linha “despreocupada com a vida”. Seus 1,68 a ajudavam a ficar com a cabeça mais perto das nuvens.
Ela adorava conhecer gente nova, mesmo sendo um pouco tímida pra puxar assunto com quem não conhecia. Os olhos castanhos estavam sempre escondidos atrás dos óculos de armação enormes, tinha lentes de contato para o que chamava de “ocasiões especiais”, fora isso, estavam sempre dentro da gaveta do banheiro.
Quando não estava trabalhando no banco, ficava em casa assistindo séries, jogando videogame, ou lendo. Sua grande paixão era a fotografia. Queria muito ser fotógrafa e viver disso pro resto da vida. Entrou no banco, por acaso (indicação de uma amiga da mãe) e apenas aceitou a vaga pra juntar o dinheiro que precisava pra fazer sua viagem e ir estudar em Seattle, uma vez que os pais não levavam muito a sério a ideia de sua paixão se tornar sua profissão. Laura tinha um olhar marcante e um jeito de andar decidido que às vezes causava má impressão a primeira vista, os garotos que não a conheciam tinham medo de conversar com ela, grande bobagem, é o que ela dizia.
A garota só precisava de um bom papo para mostrar quem realmente era e quebrar essas barreiras, mostrar que na verdade era apenas alguém aprendendo a lidar consigo mesma.