23 de dez. de 2013

Capítulo 13

Cecília e Laura desceram do ônibus no ponto em que imaginavam ser o correto, olharam ao redor a procura do número 256 e encontraram do outro lado da rua uma casa consideravelmente maior que a em que se hospedavam. Atravessaram na faixa de pedestre, se aproximaram da porta e Laura bateu sem hesitar, era melhor fazer a coisa logo antes que desistisse.
Zac a atendeu abrindo a porta largamente como se tivesse certeza que seriam elas. Ele tinha aquele sorriso largo e confiante de sempre e parecia tão tranquilo que foi a primeira vez que passou pela cabeça de Laura que aquilo poderia ser uma enrascada.
Todos de cumprimentaram, Taylor e Isaac já estavam no sofá de três lugares onde Cecília se sentou com eles e Zac e Laura se assentaram no sofá de dois lugares, de frente para a TV.
- Está pronta? – Ele só poderia estar tentando a amedrontar, mas ela se manteve firme.
- Pronta é meu novo sobrenome. – E essa é Laura mentindo descaradamente.
- Separei alguns jogos de minha preferencia, mas prefiro que você faça a escolha final.
Laura mal olhou e já apontou o escolhido.
- Ooook, que comece o jogo.
- Apenas lembrando que serão 10 partidas, valendo U$100 cada, no fim é só fazer a conta. Que ganhe o melhor. – E se cumprimentaram com um aperto de mão.
Taylor teve a ideia de que estourassem pipoca e Cecília se prontificou a fazê-lo, ela não queria dizer, mas preferia não olhar muito tudo aquilo, estava nervosa pela amiga. Quando voltou da cozinha o placar era de 2X1 para Laura.
- Eu te disse que você não é de nada... – Disse Laura cutucando Zac, ela parecia estar se divertindo agora, finalmente havia relaxado.
Cecília se sentou ao lado dos meninos que atacaram o balde de pipoca que ela trouxera.
- A Laura ta ganhando, eu nem acredito nisso. – Ike puxando assunto com Cecília novamente.
- Eu acredito. Minha amiga né? – E voltou a atenção a TV novamente.
Zac conseguiu empatar e ganhou também a próxima partida, chegando ao placar de 3X2.
- Quem não é de nada agora?
- Não me irrite Zac Hanson, a luta do videogame pode passar pra essa sala.
- Bate nele Laura. – Gritou Taylor e todos caíram na risada.
Laura empatou mais uma vez, Zac a ultrapassou novamente vencendo a próxima, chegaram a 5X3, Laura fez 4 e então era a última jogada deles.
- 5X4 pra mim – disse Zac – Se você ganhar empatamos e jogamos mais uma pra decidir. Se eu ganhar você me deve U$200,00.
- Começa logo isso, estou doida pra ganhar ao menos U$100,00 de você.
Começaram, Laura deu o primeiro chute, Cecília gritava “vai, acaba com ele!”, Zac revidou com um golpe especial que tirou muito de sua energia, Ike e Taylor foram a loucura também, Laura tentou revidar com um golpe especial também, mas Zac se protegeu e deviou, outro golpe especial, um chute e um soco. Laura nem piscou ao ver sua personagem cair e o de Zac comemorar a vitória.
- Yeeeees, I won, I won… - Ele repetia o que o videogame dizia a ele com uma dancinha ridícula pela sala.
Laura se levantou, esperou que ele parasse e com toda vontade de chorar do mundo lhe deu os parabéns.
- Me passa o número da sua conta, te deposito ainda essa semana.
- Os U$200,00 mais fáceis da minha vida. Vamos pedir uma pizza pra comemorar isso? Eu pago! – E ele deu uma piscada para Laura que nem seu trela pra ele.
Ela estava arrasada e sobretudo preocupada com como conseguiria o dinheiro, mal olhava nos olhos de Cecília, que também estava muda. Esperaram a pizza chegar, comeram com eles, Laura mostrou e passou para Zac as fotos finalizadas do ensaio que fizeram, em seguida foram embora.
Zac ofereceu carona, mas as meninas negaram com um “Não precisa.” tão sincronizado que, portanto, o garoto nem insistiu.

Chegaram em casa, cada uma se aprontou silenciosamente e ambas dormiram.

20 de dez. de 2013

Introdução

“Laura, você lembra mesmo como foi que a gente se conheceu?” – sentada em sua cadeira, Cecília virou-se para a senhora a seu lado, amiga de longa data. “Claro que lembro! Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida...” – ela se certificou que a amiga estava atenta ao que ela estava dizendo, pois ela tinha o olhar vago e distante. Cecília olhou para ela, com seus profundos olhos azuis, e sorriu. “ E você também se lembra de como tudo isto aconteceu?” Cecília agora dirigia o olhar para o quintal de sua casa, aonde via seus dois filhos com seu genro e nora, respectivamente, seus netos e seu marido terminando de preparar a mesa para receber o almoço que ela mesma tinha preparado, com tanto carinho. “ Como eu poderia me esquecer, Cecy...” Laura também sorriu ao chamar a amiga pelo velho apelido de infância, enquanto o rádio tocava as últimas frases daquela música que elas tanto gostavam de cantar juntas quando eram mocinhas : “E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão? ...”



Para saber como a história de Cecília e Laura começou, clique aqui


16 de dez. de 2013

Capítulo 12

Zac entrou em casa, largou as chaves em cima da mesa e se encaminhou ao banheiro. Tomou um banho bem demorado e já imaginou que estava se livrando dos comentários dos irmãos quando trombou Ike no corredor a caminho do quarto.
- Hey cara, você tá bem? Tá com uma cara.
- To Ike, to cansadão cara. Esse curso tá me sugando.
- Nossas fotos ficaram muito legais não é? Aquela Laura nasceu pra fotografar, eu amei o trabalho dela. – Disse Taylor se inteirando na conversa.
- É, ela se dedica muito. E o que achou da Cecília Tay?
- Acho que não rola, não sei. Parece que não rolou um encanto nem da parte dela.
- Eu gostei dela, se interessa saber. – Ike falou enquanto puxava uma linha de sua blusa, sem olhar para os outros.
- Tá falando sério? Ela não faz seu tipo, não segue o tipo de meninas com quem você fica. – Taylor estava certo, ela era diferente de tudo o que Ike já tinha visto, talvez fosse exatamente isso. Mas ele decidiu desconversar.
- Mas a Laura é bem o tipo do nosso little brother, é ou não é? – Com um sorriso enorme no rosto o irmão mais velho dava tapinhas nas costas do mais novo enquanto olhava para Taylor.
- Ok vocês dois. Está tarde e eu preciso dormir, até amanhã.
Taylor ficou olhando boquiaberto os outros dois caminharem aos seus quartos e lançou num tom alto de voz:
- É de família desconversar do assunto né?
- E a Rachel Taylor? – Ike gritou do quarto e ouviu Zac rir de seu quarto.
- Vai te catar Ike!!!
- Você está certo, é de família! Hahaha – Zac e Isaac riram e puderam ouvir a porta do quarto de Taylor se fechando abruptamente.
Zac achou que não conseguiria dormir, sua mente estava fervilhando, mas todo aquele dia corrido havia terminado com sua bateria. Recostou-se no travesseiro e desligou.


Sábado deveria ser o dia de folga para todos, Cecília acordou as 11:00 e foi para a cozinha procurar o que comer e viu Laura ainda de pijama com uma xicara de chá em frente ao notebook. Olhou para a tela dela e viu uma das fotos retiradas no dia anterior aberta no programa que usava para tratar fotos.
- Desde que horas você tá fazendo isso?
Laura deu um pulo de susto, estava muito compenetrada e nem havia notado Cecília ao lado dela.
- Quer me matar do coração criatura? Eu estava sem sono e resolvi adiantar isso pra me livrar logo.
- Você é muito nerd Laura Maria. To pra ver alguém igual você. Sábado é o dia mundial do sono dos justos, ninguém te contou?
- Preciso terminar isso pra ter uma desculpa pra ligar pro Zacarias pra tentar combinar com ele aquela jogada ainda hoje. Precisamos de grana Cecy, não quero apertar mais você.
- Olha, eu já falei pra você se acalmar. Aquele Starbucks pelo visto não vai virar, se não ligaram até agora não vão ligar mais. Mas eu achava mais seguro você ir atrás de um emprego que arriscar em jogo. Não sei porque, mas estou com um mal presságio sobre isso ae.
- Ei, vira essa boca pra lá... Parece que nunca jogou comigo.
- Quase não, porque não tinha graça perder sempre. – Cecília revirou os olhos com cara de tédio.
- Pois bem, vou ganhar dessa vez também.
- Bom, você é quem sabe Lali. Estou contigo seja o que for que acontecer, torcendo pra que você ganhe mesmo. Mas ganhar de mim é uma coisa, não entendo de videogames e me atrapalho toda. Com ele o buraco pode ser mais embaixo.
- Fica tranquila tá? Se nada der certo vou lavar pratos em qualquer restaurante beira de esquina.
- Oooook. Agora deixa eu ver o que você fez até agora.
Laura mostrou algumas das fotos comparando as originais com as finalizadas. Cecília a elogiou não apenas pela amizade, aquilo era realmente demais.
Prepararam um café da manhã reforçado e comeram juntas sem muito papo, Laura estava nervosa pela ligação que havia de fazer, portanto, não falava muito.

Ao meio dia resolveu tomar coragem, pegou o telefone e ligou para Zac que concordou de cara. Eles se encontrariam as 18:00 na casa deles com a presença ilustre de Cecília, Isaac e Taylor como espectadores. 

9 de dez. de 2013

Capítulo 11

Após o tempo estimado ouviram a buzina bem perto da casa. Pegaram suas coisas, então Laura foi a primeira a sair e a avistar Zac recostado no carro... ela achou que nunca diria isso, mas olha só, o nerd Hanson não era apenas um sorriso bonito, ele estava lindo.

- Toda essa produção pra umas fotos da Faculdade? – disse Cecília.

- Eu to bonitão não to? – disse olhando para Laura que tentava disfarçar a opinião.

- Sua mãe te vestiu hoje? Tá todo engomadinho.

Zac inicialmente reagiu com cara de espanto, mas depois caiu na risada com elas. Entendeu que era uma brincadeira, embora achasse que não custava nada ela o elogiar. Seria bem legal aliás.

Entraram no carro e no caminho Laura resolveu tocar no assunto:

- Zac, ainda está de pé aquela proposta sobre apostarmos no videogame?

- Você está brincando comigo? Quem se candidataria a perder dinheiro assim tão facilmente?

- U$100,00 cada partida ganha, terminamos na décima partida e ai é só fazer menos e mais e quem perdeu paga a diferença. – Ela já havia pensado em tudo, só não na quantia que apostariam, entretanto, ficou tão irritada com tanta prepotência da parte dele que jogou alto. Assim como fizera com seus pais quando apostou seu sonho e igualmente Cecília estava espantada imaginando o rombo que seria no orçamento delas caso Laura perdesse mesmo.

- Uhuhu, U$100,00 cada partida ganha? Depois eu é quem me acho.

- Aceita ou não?

- Claro que aceito. Qualquer fim de semana desses, você escolhe. Pode ser na minha casa, trouxe meu videogame comigo... Bom, e acho que seria ótimo termos uma plateia porque quero que as pessoas vejam isso, hahaha.

- Concordo com tudo, pode escolher o jogo também, só nada de futebol ok? Eu odeio futebol.

Zac pensou que aquela garota devia mesmo estar em desespero atrás de dinheiro daquele jeito, ele sabia que as duas amigas estavam passando algum aperto para estarem ali, e ele as admirava pela garra e tudo o mais, mas amizade amizade, negócios a parte. Laura o havia desafiado, ela teria o melhor dele, ou o pior dependendo de que lado você olhe. Ele não jogaria pra perder.

- Sem futebol, ok. Chegamos. – Finalizou a conversa enquanto entrava com o carro no estacionamento.

Então desceram em direção as suas respectivas aulas, Cecília ainda estava meio pálida e muda. Laura piscou pra ela quando se separam tentando passar alguma segurança a amiga, mas dentro ainda sentia o tremor de medo por dentro de seu corpo.


Após as aulas Zac, Laura, Cecília e Paige foram almoçar juntos em um restaurante ali perto mesmo, conversaram sobre seus cursos e sobre o que esperavam deles. Laura acabou contando sobre os pais dela, como foi difícil bater de frente com eles e como gostaria que tudo desse certo, sobretudo porque era seu maior sonho. Zac prestou muita atenção na história dela, ficou um tanto pensativo até.
A seguir deixaram Paige próximo a casa dela e partiram para o estúdio onde os outros irmãos Hanson os aguardavam.
Zac foi o primeiro a entrar, Laura estava um tanto tímida como ela sempre ficava ao conhecer pessoas novas e Cecília estava toda falante, tentando distrair Laura e a si mesma. Seria um dia daqueles...
Conseguiam ouvir o som da música meio abafada lá dentro, andaram mais um pouco e puderam enxergar toda a aparelhagem para gravação do lado de fora da sala e pela janela grande de vidro na parede se viam Isaac e Taylor. Ike concentrado cantando sua canção nem percebeu a chegada deles, Taylor foi o primeiro a notar parando de tocar o piano fazendo com que Ike olhasse também.
Zac abriu a porta e deixou que as duas garotas entrassem a sua frente, vindo a seguir e as apresentando:
- Tay, Ike... essas são Cecília (apontava para ela) a dançarina – Os meninos a cumprimentaram com um beijo no rosto um após o outro – e Laura, a fotógrafa – Igualmente cumprimentada por ambos.
- Hi girls – Começou Taylor todo solto – Então vocês são as garotas que nos conhecem apenas por Save me?
Cecília foi quem respondeu:
- Na verdade, tenho que ressaltar que fui eu quem reconheci o Zac primeiro.
- É verdade, a Laura nem sabia quem eu era e ainda não foi com a minha cara. – Claro que Zac tinha que zoar ela na frente dos outros, só a fazia sentir ainda mais vergonha.
- E ainda não vou, apenas ressaltando. – Disse rindo dele e todos caíram na risada.
- Eu imaginei você mais alta Cecília – Ike estava tentando entrar na conversa, achou que começar pela dançarina seria uma boa.
- Ah é? Meus 1,58 decepcionaram você? – E ela sorria indicando que aquilo não a incomodava, mesmo que tenha ficado um tanto surpresa com aquele Hanson criar alguma expectativa sobre qualquer coisa que fosse nela.
- Não, de jeito nenhum... Baixinhas têm fama de bravas, não diria uma coisa dessas.
- É muito bom.
Por fim, Cecília se comportou tão bem em relação ao Taylor, que nem parecia a mesma. Normalmente é isso mesmo o que acontece quando você não consegue conciliar que um ídolo é uma pessoa normal e que dizer aos outros que ele é lindo e tudo o mais é fácil, mas cara a cara a história é outra.
- Vamos as fotos? – Perguntou Ike meio sem saber o que mais dizer.
- Vamos! – Disseram Laura e Zac juntos e imediatamente começaram a organizar todo o cenário para o photo shoot.
Cecília não somente ajudou na organização de tudo como deu dicas para Laura do que ela achava que seriam boas fotos.
Os meninos voltaram para a canção de Isaac. Quando ele começou a cantar Cecy deu um cutucão em Laura. “Que voz é essa?” disse cochichando à amiga de forma confidencial obtendo concordância dela.
Laura tentava fotografar os três por igual, porém, tinha que se esforçar bastante para tirar os olhos de Zac, lhe agradava ver o garoto tocando bateria. A seguir foi ele quem cantou e fez isso olhando para Laura que não sabia se ele estava se exibindo para ela ou apenas para a câmera, sentiu suas bochechas vermelhas de qualquer forma. Depois de vários clics dela, Zac largou seu posto e tomou o lugar de Laura. Então era Taylor no vocal agora e fazendo graça soltou um “Loving you” super inesperado e começou a cantar Save Me em homenagem as meninas que se divertiram muito. Zac fotografando tudo se virou para elas e tirou algumas fotos das amigas que não se intimidaram e começaram a fazer poses super engraçadas.
Depois de algumas horas de ensaio todos estavam exaustos e resolveram que já era hora de ir embora.
Dali foram jantar em uma pizzaria já que Taylor disse que seria por sua conta. O assento era daqueles que formam um “U” e todas as pessoas ficam em volta da mesa uma ao lado da outra.
Taylor fez questão de sentar ao lado de Cecília, queria conhecer melhor a garota e esperava que em algum momento ela fosse ao menos elogiar os olhos dele... Ego Taylor Hanson do tamanho do mundo. Laura estava ao lado da amiga e a seu lado Zac e Ike.
Demoraram um pouco para decidir o sabor, fizeram seu pedido e enquanto não ficava pronto deram uma olhada nas fotos meio por cima, até porque Laura e Zac ainda as iriam tratar e escolher as melhores para mostrar tanto em seu trabalho quanto para uso da banda.
- Vocês são incríveis juntos. Eu estou impressionada... Já quero todos os cds. – Cecy já parecia conhecê-los há anos.
- Obrigada Cecília. – Taylor disse olhando nos olhos dela, até que ela não conseguiu sustentar o olhar e desviou dele, então o garoto continuou. - Na verdade você terá que esperar um pouco porque depois de This Time Around não conseguimos gravar mais nada. Esse álbum que estamos produzindo tem que sair o mais depressa possível, ai daremos um pra vocês.
- Promete? Posso pedir autógrafo? Ia amar mostrar as pessoas que conheci vocês.
- Quer mais que isso aqui? – Laura apontava para a câmera – Vou ganhar a maior grana quando voltar para o Brasil e oferecer as fotos para as fãs, hahaha.
- Essa garota é tão espertinha. – Zac percebeu que o garçom se aproximava com suas pizzas e calou-se.
Naquela noite Ike e Taylor voltaram para casa em um carro e Zac foi levar as meninas para casa no outro.
Laura sentada a frente e Cecília atrás, quando ambas abriram a porta mais próxima de si para sair Zac segurou o braço de Laura, ela olhou meio desconfiada e então ele agradeceu por tudo e lhe deu um beijo no rosto.
A garota estremeceu da cabeça aos pés, disse que ele não precisava agradecer nada e saiu do carro. De fora viu que ele colocou a cabeça pela da janela e gritou “Não esqueça da nossa aposta!” e respondeu “Não esqueceria por nada nesse mundo”, então o garoto arrancou com o carro e desapareceu.

Quando Laura se virou para entrar em casa viu Cecília na porta a esperando, e ela tinha aquele olhar de novo. “Ah Cecília, pare de ler meus pensamentos” era o que ela queria dizer, mas apenas passou por ela e foi para o banheiro tomar um banho, era lá que ela pensava na vida e não conseguia parar de pensar no baterista/fotógrafo/viciado em videogame... era perfeito demais pra ser verdade.

25 de nov. de 2013

Capítulo 10

Algumas semanas se passaram e Zac e Laura estavam mesmo se dando bem, nos estudos e em tudo o mais... atualmente se dedicavam a estudar as luzes, como utiliza-las e fazê-las servirem a seu favor na hora de fotografar, receberam um novo trabalho para fazerem juntos, mas esse os levaria a colocar a mão na massa.

A ideia era conseguirem fazer um photo shoot com luzes artificiais, ou seja, em ambiente fechado para apresentarem em aula e começarem a montar seus portifólios.

Laura não conseguia imaginar o que fotografar e pensou em pedir a Cecília que deixassem fotografa-la dançando, já podia até ver as fotos em sua mente, então Zac disse primeiro:

-Tenho uma ótima ideia! Podemos fotografar meus irmãos, no estúdio. Faz tempo que não fazemos um photo shoot nosso, poderíamos publicar depois, acho que as fãs gostariam de ter uma novidade nesse momento da banda.

- Mas Zac, você precisa fotografar também né? Como vai sair nas fotos? Se claro, a ideia é um photo shoot pra banda... Por mim não me importo, só pensei nisso.

- Isso não é problema, cuidamos da iluminação juntos, eu tiro fotos do Taylor e do Ike, você tira fotos minhas e da banda toda. Depois juntamos tudo e “voilà!”.

- Huuuum, ok pra mim. Quando podemos começar?

- Sexta-feira está bom pra você?

- Está ótimo.

Laura encontrou Cecília depois da aula e quase fez a amiga morrer do coração ao contar a ela a novidade, estúdio, Hanson, photo shoot e o mais importante, claro, precisaria da ajuda dela. O que significava... É, Cecília ia conhecer Taylor Hanson, chamem um médico, alguém vai ter um piripaque.

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Cecília acordou mais cedo do que de costume. A cama estava quentinha, mas o estômago reclamando de fome falou mais alto. Foi para a cozinha, abriu a geladeira. Resolveu-se por comer uma tigela de cereal com leite e tomar um café da manhã mais decente na rua com Laura.
Ainda faltavam duas horas pra saírem pra faculdade. Cecília ficou vagando pela casa. Ficou pensando na mãe. Será que ela estava bem? Quando se falavam pelo telefone, ela sempre soava feliz. Qual não seria a decepção dela ao descobrir que Cecília tinha ido pra Seattle a fim de estudar dança, e não fazer o tal curso de gastronomia que tinha dito a ela. Tarde demais. Cecília estava tão apaixonada pelo o que estava fazendo, seu coração estava tão tomado pela dança que ela nunca mais se imaginou fazendo outra coisa na vida. Cozinhar, agora, só por diversão, só para os amigos. Ela não queria mais isso pra vida dela. Ela queria dançar, e dançar e dançar...

Laura acordou e foi direto chamar Cecília para que se arrumassem pra ir a faculdade. Laura já sabia da novela que era acordar Cecília, toda manhã era a mesma coisa. Se surpreendeu ao não ver a amiga deitada em sua cama, e resolveu procurá-la pela casa. Encontrou-a sentada na janela da sala, olhando para a paisagem. Elas tinham uma vista super bonita de um parque. O tempo já estava mais quente do que quando elas tinham chego a Seattle. Afinal, já faziam quase dois meses que elas tinham chego. Já era o começo de abril, e as flores já se mostravam todas cheias de cores.

L - Mas já em pé? O que aconteceu com você essa noite? Teve pesadelos?
C - Sei lá o que aconteceu... não consegui dormir direito...
L - Já sei: tá ansiosa porque hoje é sexta-feira e você vai conhecer o Taylor Hanson, não é?
C - AAAAAAAAAI, pára! Eu nem tava lembrando disso! Mas agora eu lembrei, e AI, fiquei nervosa! Vai aparecer uma espinha GIGANTE na minha cara, você vai ver, e aí eu não vou poder ir conhecer o Taylor Hanson! Porque eu NÃO VOU!
L - Caaaaaaaaaalma... respiiiiiiiira... não vai acontecer nada disso. Não vai aparecer espinha gigante nenhuma, e você vai estar linda amanhã.
C - Olha, se não estivéssemos em tempos tão difíceis, eu diria pra irmos fazer compras depois da aula, maaaaaaaaas... sabe como é, né, temos contas pra pagar. Bem que sempre me disseram que ser adulto era chato.
L - Olha, nem me fale nesse assunto. Toda vez que eu penso em dinheiro, meu estômago revira e meu esôfago queima. Eu nem sei como vou fazer pra pagar o aluguel do mês que vem. - Laura coçou o pescoço. Era esse o sinal de que ela estava nervosa.
C - Caaaaaaaaaalma, pequeno polegar. Eu ainda tenho o aluguel pra mais 3 meses... depois disso é que a gente pode começar a vender nossas coisas... acho que seu notebook ia valer uma boa grana no EBay.
L - Ai, meus jogos... - e então Laura se lembrou da proposta de Zac. ISSO! Não esperava que isso fosse mesmo acontecer, mas resolveu que hoje que iria marcar essa disputa valendo grana... mas, e se ela perdesse? Aí tudo ia se lascar de vez.
Cecília continuou lá toda falante (aparentemente o “xoxismo” dela tinha passado assim que Laura pronunciou o nome ‘Taylor Hanson’) e a Laura ficou bolando estratégias de como iria trazer à tona o assunto do jogo com o Zac. Quanto mais ela pensava, mais a caixinha de idéias de seu cérebro se esvaziava. Droga. Ela sempre tava cheia de idéias, agora que ela precisava de umazinha só que fosse, QUEDÊ? Pode isso, produção?

Cecília percebeu a amiga pensativa, mas resolveu não mexer, as vezes Laura precisava de momentos a sós consigo mesma e então resolveu ir tomar seu banho para se arrumar logo.

Enquanto isso Laura foi adiantar sua bolsa com a câmera e todos os artefatos necessários para o ensaio fotográfico mais tarde, e em seguida foi ela mesma se arrumar.

Laura estava comendo qualquer coisa as pressas para saírem e não perderem o ônibus (Deus, pensa na tragédia!) quando o celular dela tocou. Já fazia tantos meses que não sabia o que era uma ligação em seu aparelho que ficou olhando para ele... O nome “Zac” aparecia na tela, e foi quando se lembrou que haviam trocado números para qualquer caso de emergência. Cecília teve de pegar o celular dela em cima do sofá, levar até ela e apertar o botão atender pra que Laura entendesse que devia responder a chamada.

- He, hello?

- Laura? Tudo bem? Eu liguei pra dizer que vou a faculdade de carro e como sei que vocês saem mais cedo queria saber se posso ir buscar vocês. Bom, se você não se importar, eu gostaria que fôssemos diretamente da faculdade para o estúdio e imagino que você não vá querer levar esse monte de coisas no ônibus.

Laura estava meio extasiada, ainda terminando de engolir o que tinha na boca pensou que seria mesmo uma gentileza, mas deveria aceitar?

- Zac, (conseguiu finalmente falar) não precisa se importar comigo – E então percebeu Cecília ávida tentando entender o que acontecia pelos olhos da amiga – Nós já inclusive estávamos de saída e eu sei bem me virar em ônibus, não precisa vir nos buscar.

Então Cecília fez diversos gestos de indignação e dizia aos cochichos para que Laura aceitasse logo... Quem não gostaria de trocar o balançar do ônibus e todo aquele falatório pelo carro de Zac Hanson?

- Não é incomodo, e nem é tão fora do caminho sua casa assim. Passo ai em meia hora. See ya! – E tu tu tu. Desligou sem nem esperar resposta.

Laura tinha uma expressão de espanto no rosto.

- E ai? Ele vem? Diz que sim, por favor!

- Vem, chega em meia hora. – Mais uma mordida no que quer que fosse que estivesse comendo.

- Huuuuum – Cecília fez aquele olhar de quem sugere algo de novo e sorriu de Laura que ruborizou na mesma hora.

- Cecy, para de graça... Ele só está fazendo isso porque precisamos fazer esse trabalho juntos ok? A única querendo romance aqui é você se vestindo toda linda assim para ir a faculdade hoje, coincidência?

- Claro que não, o dia pedia uma produção... Sol, nada de espinha na testa, carona, Taylor Hanson. O que mais eu posso querer?


Ambas caíram na risada, Laura gostava de ver a amiga animada, sobretudo porque se sentia contagiada também.

18 de nov. de 2013

Capítulo 9

No dia seguinte...

T - Nossa, Zac, já está acordado? Tá disposto pra aula hoje, hein... isso tem nome : MULHER BONITA NA SALA.
Z - Taylor. Não seja besta. Num tem mulher nenhuma. Tô realmente com vontade de levar esse curso a sério. Fotografia é uma paixão, e agora que eu tenho a oportunidade de fazer algo que eu realmente quero, me dedicarei ao máximo! Maaaas, já que você falou de mulher, tem uma me...
T - HAHAHA, SABIA! Vai, fala, zé! Quem é a escolhida?
Z - VELHO, como você viaja, Taylor! Pelamor! Como eu ia dizendo, tem uma menina na minha sala que tá fazendo dupla comigo, ela é brasileira, e ela tem uma amiga que é paradinha na sua!
T - E de onde ela me conhece? - Taylor olhou pra ele com aquele olhar que já o denunciava : o loiro estava tendo dificuldade de botar os neurônios pra funcionar.
Z - Dãr, meio óbvio não? Te conhece de SAVE ME!
T - Ah tá, então a menina é nossa fã?
Z - Fããã fã, num é. Ela apenas conhece SAVE ME, e acha você bonito. Aposto que ela não sabe mais nada de tão profundo além disso, e nem por toda a merda pela qual passamos.
T - Mas... e ela... é bonita?
Z - HAHAHA, agora é minha vez: SABIA! Tava demorando pra você me fazer essa pergunta. Sim, a Cecília é uma garota super bonita... ela faz bem teu tipo, sabe...
T - Cecília... sempre gostei desse nome... acho que gostaria de conhecê-la.
Z - Acha? Eu tenho CERTEZA! HAHAHA, pode deixar, eu vou arranjar pra você conhecê-la. Ela é meio doidinha, e gosta de falar pelos cotovelos... é Taylor, definitivamente, a Cecília é seu número!
T - Meu número... ? O que isso quer dizer?
Zac revirou os olhos.
Z - Nada Taylor, nada... a Cecília combina com você. Bom, deixa eu ir, senão me atraso. Mais tarde tou de volta, pra gente ir pro estúdio.

Taylor ficou na cozinha, tentando imaginar como era a Cecília. Que tamanho ela tinha, do que gostava de comer, o que fazia nas horas vagas... o mais engraçado era que, quando Taylor pensava no nome dela, a língua parecia adormecer. “Cecília” - ele experimentou falar em voz alta. O som do nome dela era agradável a seus ouvidos. Foi o suficiente pra deixá-lo ainda mais curioso.

E então pensou em Rachel, sua (ex?) namorada que tinha ficado em Tulsa. Ela não tinha o procurado desde o dia em que ele a comunicou de que  iria precisar se mudar pra Seattle temporariamente. Ele também não tinha mais a procurado. No começo pensou que talvez ela só precisasse de uns dias pra digerir tudo e ela iria ligar pra ele. Agora, passados quase dois meses, ele viu que isso não iria acontecer. De repente, sentiu uma vontade de ir até a faculdade de Zac. “Calmaê, Taylor! Se segura no foguete, rapaiz! Num pode ouvir falar de mulher que fica todo animado! Zac tem razão : eu preciso mudar isso, viu...” - Taylor riu sozinho. Tomou seu café, foi tomar um banho, e decidiu ir passear lá pelos outros lados do Lake Washington. Chamou um táxi e foi até o aeroporto, onde alugou um carro (já que o carro que tinham alugado ficava com Zac pelas manhãs) e voltou para Seattle. Atravessou o Lake Washington de ferry boat, e chegou em Bainbridge Island. A paisagem era realmente magnífica e Taylor, embora não fosse profissional como Zac, pegou sua câmera e ia fotografando tudo o que achava interessante. Se encantou tanto com as paisagens que viu, e se empolgou tanto que foi parar em La Push, uma prainha que dava de cara no Oceano Pacífico, e ficava a aproximadamente  três horas de Seattle. Na volta, foi ainda mais a norte,  passando por Port Angeles, onde descobriu que se podia pegar outro ferry boat e ir para o Canadá. Desceu, e pegou o ferry de volta pra Seattle em Edmonds. Chegou em casa já eram 7 horas da noite, e Zac e Isaac o esperavam, aflitos.
Z - Taylor! Por onde você andou? Já estávamos ligando pra polícia!
I - Estávamos vírgula, o Zac estava ligando! Eu num ia ligar pra ninguém! Ainda mais se tivesse que ligar pro pai e pra mãe em Tulsa, dando a notícia ruim.
T - Mané notícia ruim, Ike! Que papo é esse? Nossa, sério mesmo que vocês já estavam considerando a hipótese de eu estar morto?
I - Ué, nunca se sabe. A gente não conhece Seattle. Tulsa é uma roça, aí a gente vem pra cidade grande. Eu num sei andar por aqui, imaginei que você também não soubesse. Mas acho que me enganei. Por onde você andou, afinal?
T - Certamente você estava com razão, mas também um pouco enganado, Ike. Eu realmente não sei andar em Seattle, mas quem tem GPS tem tudo na vida, então eu fui indo, indo, indo... conheci todo o lado de lá do Lake Washington e ZAC, man, você tinha razão, não haveria lugar melhor para você fazer este curso. Tirei algumas fotos pra você ver. - Taylor pegou sua câmera e começou a mostrar para Zac, que foi ficando cada vez mais empolgado. Isaac apenas olhava os irmãos.
Resolveu ir para seu quarto, onde poderia botar as ideias no lugar. O fato é que ele estava se sentindo um inútil ali, sem nada para fazer. Sim, os planos deles eram de ir trabalhando de Seattle mesmo, mas Zac estava dando tanta atenção ao curso, e Taylor agora parecia que estava embarcando na onda dele, e eles estavam em estúdio cada vez menos tempo. E na verdade total das coisas, ele estava se sentindo meio sozinho.

Zac e Taylor o chamaram para ir jantar, mas ele não quis, preferiu ficar em casa. Preparou um sanduíche, comeu e foi dormir, com toda a solidão na cabeça... e no coração.

11 de nov. de 2013

Capítulo 8

No outro dia a mesma rotina, a não ser por Paige esperando Cecília no portão da faculdade... Laura gostava da garota, mas ainda assim não entendia como ela podia gostar tanto da Cecília em apenas 3 dias... Ok, a amizade de Cecília e Laura havia sido quase que instantânea, mas elas eram diferentes, eram amigas pra vida toda. Ok Laura, chega de pulgas atrás da orelha, era bom pensar que no máximo acabaria ganhando outra amiga para a vida.

Quando as aulas terminaram Laura estava visivelmente desconcertada, Zac nerd Hanson iria a sua casa, como gerenciar essa informação? Se aproximou de Cecília e Paige e o apresentou as duas.

- Zachary, Cecília e Paige... Cecília e Paige, Zachary.
- Hey, podem me chamar de Zac. É um prazer conhecê-las.
- Prazer Zac – disseram as duas.
- Vamos? – disse Laura já andando.
- Laura, meu carro está no estacionamento. Dou uma carona pra vocês.
Cecília e Laura entreolharam-se.
P - Então eu vou indo nessa que também tenho carona hoje, até amanhã meninas e Zac.
- Até. – Disseram juntos.


A viagem embora muito mais curta de carro, pareceu nunca ter fim para Laura. Cecília parecia se segurar para não encher o garoto de perguntas. O silêncio predominava quando Zac tentou puxar conversa com sucesso.
- Você também é brasileira Cecília?
- Sim, sou sim.
- Faz anos que não vou ao país de vocês...
- Gosta de lá?
- Bom, eu tenho uma banda...
- Hanson né?
- Isso, você é nossa fã? – Zac estava sorrindo
- Não exatamente, conheço uma ou duas músicas, mas sei quem vocês são. Aliás, seu irmão é um fofo.
- Hahaha, tá falando do Taylor né?
- E de quem mais? – Cecília ia abrindo a boca para enumerar qualidades no irmão do meio quando foi interrompida por Laura.
- Vocês estão desviando o assunto... Gosta do Brasil ou não Zac?
- Isso, o Brasil. Como eu ia dizendo, fomos ao Brasil há uns 4 anos... No ano da música da novela – Zac deu um risinho para Laura a relembrando de ter dito a ele sobre apenas conhecer Save Me, ela então retribuiu com vergonha – Me lembro de ter ficado espantado como as fãs brasileiras AMAM seus ídolos.
Cecília sentiu vergonha alheia, sabia exatamente do que ele estava falando, foi em alguns shows na vida e tinha visto coisas suficientes, desde garotas a ponto de um infarto a algumas bem ousadas com histórias de hotéis e carros.
- Machucaram você?
- Não, mas elas tentaram, hahaha.
E então finalmente a casa das garotas foi avistada, Zac estacionou o carro, desceram e entraram.

- Seja bem vindo a nossa humilde residência em Seattle, não repare na bagunça, se sinta em casa, se precisar de alguma coisa é só pedir. – Cecília toda simpatia você vê por aqui.
- Oooook, vamos a mesa, vou pegar meu notebook.
- Vou pedir algo pra gente comer tá? – Cecília solícita, tão amorosa essa garota.
Laura agradeceu e abriu o note, virando para Zac.
- Olha, eu pesquisei todo o trabalho, aqui está o resultado do que fiz ontem, dá uma olhada.
Ele desacreditou do que viu, não conseguia disfarçar o espanto.
- Mas Laura, você praticamente fez o trabalho todo sozinha. Eu fiz minhas pesquisas também, está tudo aqui no meu pen drive, achei que fossemos fazer o restante juntos.
- Você, PES-QUI-SOU? – Perguntou lentamente com total cara de espanto.
- Sim, ou você pensou que eu fosse qualquer tipo de folgado que não faria nada?
- Bom, é, não, quero dizer...
- Veja bem, não sei que tipo de julgamento fez de mim, mas estou nessa com tanta vontade quanto você. Estou nessa para aprender, não quero ficar de fora de nada. Fotografia é meu sonho também, um dos poucos que posso realizar, diga-se de passagem. Estou falando demais já, você nem precisava ouvir nada disso, mas com tantos compromissos desde criança, nunca tive muito tempo para me dedicar a outras coisas. Então quero fazer isso direito, ok?
- Nossa! Estou até com vergonha, sério!
- Vergonha?
- É, você está certo, fiz um pré julgamento de você... Me desculpe tá? Vamos começar de novo? Me dá seu pen drive aqui.
Zac nem sabia o que dizer mais, resolveu que seria melhor entregar o pen drive a ela e “começar de novo” como ela havia sugerido.
Laura se surpreendeu de verdade com o desempenho do garoto, ela realmente não esperava nada dele, mais uma lição aprendida, ou pelo menos assim esperamos.
Continuaram o trabalho a tarde toda fazendo apenas uma pausa para o lanche que Cecília trouxe. Ao fim da tarde estavam exaustos, porém, com tudo praticamente concluído, inacreditável como eram bons juntos.
Laura já ia levar Zac até a porta, mas antes fechou seu notebook e ele notou alguns adesivos familiares do lado de fora no computador dela, eram personagens de jogos de videogame.
- Você joga?
- O que? Ah, os adesivos... Se eu jogo? I´m the best!
- Duvido que seja melhor que eu.
- Tá de brincadeira? – Se levantaram e foram se encaminhando a saída.
- Ora ora, posso te mostrar a qualquer momento. Eu inclusive aposto, dinheiro se você quiser, que te derroto em qualquer jogo sem grande esforço. – deu um grito em direção ao quarto da Cecília que estava lá assistindo TV – Tchau Cecília, foi um prazer, obrigada por tudo.
- Imagina, o prazer foi meu. Manda um beijo pro Taylor – Os dois caíram na risada, mas Laura continuava com um olhar vago.
- Se acha tanto assim? Sério?
- Não me acho não, só estou expondo fatos.
- Expondo fatos, sei... veremos. Te desafio pra jogar qualquer dia desses.
- Ok, desafio aceito.
Laura riu, mas nem levou a sério essa história de desafio.

Se despediram com um cordial aperto de mãos, e Zac entrou em seu carro. Ao mesmo tempo, desce Cecília, toda esbaforida.
C - AAAAIIIIIIN, ME CONTA TUDO! Como foi?
L - Como foi o quê? Cecília, você tava bebendo lá no seu quarto, é?
C - Ah VÁ Laura, deixa de graça! Pode ir me contando, ficou a fim do gatinho? Coraçãozinho já tá batendo mais forte?
L - Alooooooooou, Cecília, ele estava aqui pra fazer um TRA-BA-LHO, e não pra gente ficar de paquerinha besta. Eu e o nerd Hanson... rá, até parece... - Laura foi pegando o notebook e indo pro seu quarto. - E trata de ir dormir cedo, mocinha, pois amanhã temos aula e, se perdermos o bus, já sabe...

Laura entrou no quarto e organizou suas coisas para a aula do dia seguinte. Ainda ficou na internet olhando mais algumas coisas antes de definitivamente se deitar pra dormir. Paquerou pela milésima vez aquela lente que ela tanto queria pra sua câmera... sabia que seria praticamente impossível de tê-la, a não ser que assaltasse algum banco. A lente custava mais do que o seu curso. Fechou o notebook, o colocou na mochila, e foi dormir.


Demorou um tempo até que ela pegasse no sono... ficou pensando no julgamento totalmente errôneo que tinha feito sobre Zac. Sentiu-se envergonhada novamente, e decidiu que não ia mais pré-julgar ninguém, pois essa tinha sido um verdadeiro tapa na sua cara. 

4 de nov. de 2013

Capítulo 7

Zac estava certo. Além de ter chego atrasado na aula, o sono o estava dominando. Lá na frente, o professor falava, falava e falava, e tudo o que ele ouvia era : blablabla você está com sono blablablablabla vira pro lado e dorme blablablablablablabla troca de lugar com a menina da carteira de trás blablablablablablablablabla preciso dormir preciso dormir preciso... dor... - e foi sentindo os seus olhos pesados, e... - “Caramba Zachary, acorda!” - ele mesmo se deu um tapa no rosto, tentando se manter acordado. Felizmente, ninguém percebeu, a não ser a garota de trás.

“Meu... esse cara é muito tapado. Sério. Hanson ou não Hanson, ele é MUITO tapado. Ele pede pra sofrer bullying... mas também, o coitado é homeschooled... ele nem deve saber o que é bullying!” - Laura resolveu parar de pensar nos problemas do “nerd Hanson” e se concentrar no que o professor dizia.

Prof. - Então, meus queridos alunos, agora chegou a hora que eu mais gosto, que ééééééé... - ele fez uma cena de suspense típica de professor que quer ser o engraçadão - apresentar a vocês o seu projeto bimestral!

Aparentemente, só o professor e uma garota nerd (que, obviamente, era mais nerd do que a Laura e o Zacarias Hanson juntos) estavam extasiados com a notícia. O resto da turma (que era composta por 20 pessoas, incluindo Laura, o nerd Hanson e a garota “mamãe tirei 10” lá da frente) demonstrava uma reação típica de quando se assiste filmes de terror : PÂNICO ESTAMPADO NAS FACES.

Prof. - E, pra não sermos injustos com ninguém, eu mesmo vou sortear as duplas!

“Pronto! Quer ver eu fazer dupla com o nerd Hanson? Ou pior ainda, com a menina lá da frente? Era tudo o que eu precisava... só que ao contrário!” - Laura já sentia o desespero tomando conta de sua pessoa.

O professor ia falando os nomes... nada de ele chamar o nome de Laura... ela já estava à beira do desespero. Aí o professor chamou o nome da garota animada, e ela gelou. “Deus, por favor, não! É tudo o que eu te peço! Não me deixe fazer o trabalho com essa menina!” - ela cruzou os dedos e torceu. “ Chama o Zacarias, chama o Zacarias, chama o Zacarias, por favooooooor!” - e o professor chamou... o nome da outra menina que tinha disponível. Pois é. Sobraram ela... e o Zacarias.

Prof. - E por último, mas não menos importante, Laura Azevedo (que você pode ler como “Lórua Azívêdjo”, pois foi como o professor disse) e Zachary W. Hanson.

A cara da Laura deveria estar assustadora.

Z - Olha, se você quiser, podemos tentar trocar de dupla... - Zac não sabia o que ele tinha feito pra menina estar com aquela cara de decepção. Será que tinha sido por causa do esbarrão do dia anterior? Ele sorria um sorrisinho bem murcho.

L - Não, num precisa... é só que... - Laura olhou pra cara do nerd Hanson. O coitadinho não precisava aprender o que era bullying a esta altura do campeonato. Resolveu ser a doce menina que sempre foi e dar uma chance ao Zacarias. - eu tava tentando adivinhar o que era o W do seu nome. - e aí ela pensou “Só me falta ser um W de WESLEY. Pior ainda, de WELLINGTON. Eu não vou aguentar, Deus, me ajuda, tomara que não seja isso!”

Zac riu. O melhor sorriso que ele tinha pra botar na cara. E aí a Laura reparou no sorriso dele. “WOW. O nerd Hanson tem um sorriso bem bonito pra um cara tapado... já sei, deve ser isso. É bonito de boca fechada. POR FAVOR NÃO ABRA A BOCA E DIGA QUE SEU W É DE WESLEY. OU DE WELLINGTON!”

Z - Meu W vem de Walker. Esse é meu nome. Zachary Walker Hanson.

Laura suspirou aliviada. Não era Wesley. nem Wellington. Era só Walker. Aí ela se lembrou que precisava tirar uma dúvida. Por mais que a Cecília tivesse provado a ela por A + B que aquele Zacarias era o Zac Hanson que cantava Save Me, ela queria ouvir da boca dele. Ela precisava ouvir.
L - Zachary Walker Hanson... Hanson... pera, seu apelido é Zac?

Zac tinha sido descoberto.

Z - Sim.

L - Então você é mesmo o Zac Hanson? Que canta Save Me?

Ele riu. Quanta sutileza!

Z - Na verdade quem canta é o Taylor. Mas sim, eu sou o Zac Hanson, do Hanson.

L - Ahhhh tá. Sabe, essa música é bonita, mas meio que me tirou do sério. Tinha uma época que essa música tocava numa novela lá no Brasil, e TODO LUGAR QUE EU IA tava tocando essa bendita música. Tinha horas que eu tinha vontade de dar um tiro no rádio. Sério. Desculpa. A música é bonita, mas... encheu o saco. Desculpa. - Laura viu que estava falando demais. Já era hora de calar a boca.

Zac tava se divertindo com tudo aquilo. Tentava ver através dos óculos enormes, se aquilo tudo que ela tinha dito era verdade, ou se ela tava só disfarçando. “Bom, acho que temos chance de ser bons amigos... gostei dessa garota!”

A sala era só algazarra, todos conversando com suas duplas até que o professor irrompeu num grito.

- Pessoaaaaaal. Por favor, atenção. O nosso tempo é curto e, portanto, teremos um trabalho de pesquisa para que vocês já façam em dupla, o prazo para entrega é semana que vem. – Todos apavorados, menos... ah, vocês já sabem quem.

Cecília saiu de sua sala procurando Laura, quando a encontrou ficou boquiaberta,  percebeu que ela conversava com o garoto da trombada, o irmão dos seus sonhos de adolescente, o Zac Hanson... Quase deu um grito, mas conseguiu se conter e preferiu observar de longe.
Alguns minutos depois a amiga veio em sua direção.
Quando os olhares das duas se cruzaram Cecília estava com cara de que sugere algo e Laura ficou com as duas bochechas vermelhas na mesma hora.
- Quer dizer que você não foi com a cara do Zacarias? Sei.
- Ei ei ei, você nem sabe da história... Continuo não indo com a cara dele e pensa comigo Cecy – as duas começaram a andar a caminho do ponto de ônibus – O garoto é um cantor, independente, tem dinheiro de sobra. Você sinceramente acha que um garoto desses vai levar um curso de fotografia a sério? Faz-me rir... Ele não faz ideia do que é ter um sonho na vida e se matar num emprego que você odeia pra juntar dinheiro e enfrentar seus pais pra conseguir realizá-lo. Daí você deve estar pensando, essa Laura é louca, começa a falar e falar sem motivo algum. Infelizmente você está enganada querida amiga... Eu estou ferrada da vida, pense que por infortúnio da vida viro dupla dessa criatura. UAU, eu não consigo ser pouco azarada, meio azarada, tenho que ser muito. TODOS os trabalhos, até o fim do curso, teremos que fazer juntos. Pensa!
- Meu Deus! Laura Maria, tá falando sério? Você vai ter que prometer que vai precisar da minha ajuda em todos os seus trabalhos, PRINCIPALMENTE nos que você fizer na casa deles. – Cecília ficou tão eufórica que Laura deu um sacolejo nela.
- Você ouviu uma palavra do que eu disse? Dá pra pelo menos fingir que se importa?
- Quando será o primeiro trabalho? – Cecília fingia estar em transe apenas para irritá-la.
- Ah, desisto! – Dizendo isso percebeu o ônibus chegar e entraram.

No caminho Laura explicou que no outro dia após o curso começariam o trabalho de pesquisa e para loucura de Cecília, seria na casa delas, embora o Taylor nem fosse dar as caras, obviamente.
- Ele não pode vir hoje porque disse que tem ensaio com os irmãos, olha lá a banda entrando em primeiro lugar. Não consigo lidar com isso!
- Vou conhecer meu futuro cunhado, que emoção.
- Hahaha, você não existe.


Laura com toda sua descrença em Zac começou a fazer pesquisas no mesmo dia, foi encontrando muita coisa na internet, inclusive achou um livro a venda no Amazon.com que desejou para si, mas quando viu o preço desistiu... era melhor gastar apenas com o necessário até encontrar um emprego.

28 de out. de 2013

Capítulo 6

C - Laura? Que cara é essa? - perguntou, ao ver a amiga se aproximando com cara de poucos amigos.
Laura logo tratou de disfarçar a cara de antipatia.
L - Foi só um menino besta da minha sala que acabou de trombar comigo. Porquê as pessoas têm de ser tão desastradas?
Cecília e Paige olharam uma pra outra e caíram na gargalhada, deixando Laura com uma cara confusa.
C - Laura, a gente viu a trombada, e eu acho que eu conheço aquele cara de algum lugar... sei lá, a cara dele não me é estranha... de onde será que eu conheço esse ser? - Cecília realmente ficou pensativa por alguns instantes, tentando puxar da memória de onde era que ela conhecia aquele rosto. Sem sucesso, resolveu voltar ao mundo real - Mas Laura, me diz uma coisa... porquê é que você tá falando isso, quando você mesma é o desastre em forma de gente?
L - Eu NÃO sou desastrada.
C - É sim. Se não fosse, provavelmente não seríamos amigas, já que aparentemente eu só atraio este tipo de gente pra minha vida... by the way, essa é a Paige. Ela tá na minha turma, e é tão desastrada quanto você.
L - Olá. - Laura estendeu a mão pra cumprimentar a garota. Não que ela estivesse muito a fim. Era só cordialidade. A garota não precisava saber que, além de desastrada, ela era mal educada. Não, ela não era mal educada, ela só não estava tendo um bom dia.
P - Oi! Prazer! A Cecília falou tanto de você!
L - Falou, é? - olhou pra amiga, um pouco mais feliz. Sabia que Cecília nunca esqueceria dela, não importava quantas amizades novas surgissem em seu caminho. - Aposto que só queimou meu filme.
P - Na verdade ela falou que tinha uma amiga desastrada, mas que era uma excelente fotógrafa. E eu logo fiquei curiosíssima pra te conhecer, porque fotografia é a minha segunda paixão. A primeira é a dança!
L - Sério? Poxa, que legal! Queria eu ter talento pra dançar também...
P - A dança é uma dádiva que tá dentro de todo mundo. A única coisa que você precisa fazer é senti-la!
Logo, lá estava Laura conversando com a garota ruiva como se fossem amigas há anos. Paige convidou-as para almoçar no restaurante onde trabalhava, o Cheesecake Factory. Paige era de Poulsbo, uma cidade que ficava do outro lado do Lake Washington, a 3 horas de Seattle. Ela estava morando num condomínio de apartamentos perto da faculdade. Os pais a ajudavam com o aluguel, mas ela que bancava sozinha as outras contas.
Depois do almoço, Cecília e Laura voltaram para casa. O frio não permitiu que elas ficassem na rua por muito tempo. Cada uma tomou um banho bem quente, se agasalharam (apesar do sistema de aquecimento da casa funcionar perfeitamente, elas não dispensavam as malhas fininhas para ficar dentro de casa) e pediram uma pizza pela internet mesmo.
Laura passou todas as fotos que tinham tirado nesses 6 dias em Seattle para o computador, as tratou e jogou tudo no ORKUT.
Enquanto isso, Cecília parecia realmente concentrada em frente ao computador. “Meu... de onde é que eu conheço aquela figura que trombou com a Lali? Eu preciso lembrar... preciso lembrar... preciso lembrar... “ - ela pensou mais um pouco - Meu, a Laura disse o nome dele, como era mesmo?”
C - Ô Lali, como é o nome mesmo do carinha lá da sua sala, que trombou com você?
L - VELHO, num acredito que você conseguiu esquecer. O nome dele é ZACHARY! Quem é que se esquece de um nome desse?
C - Valeu! - voltou-se para o notebook compenetrada -  Zachary... Zachary... bom, vou apelar pro Google, né... - ela começou a digitar ZAC, e então o google deu pra ela a resposta : ZAC HANSON. - BINGO! Achei! É ELE! GENTE, NÃO ACREDITO!
Correu até o sofá onde Laura se encontrava.
C - Eu não disse que eu conhecia aquele carinha de algum lugar? - praticamente jogou o notebook da Laura no chão, e colocou o seu no colo dela. - OLHAÍ!
L - Quem é esse? - Laura ajeitou os óculos, que tinha acabado de deixar cair da mão com o susto que Cecília tinha lhe dado, e olhou fixamente para a tela do computador - Num sei quem é essa figura!
Cecília tinha aberto uma foto de 2000, quando o Zachary em questão era o cabeludo que cantava SAVE ME na novela das 8.
C - Laura. Olha bem pra cara dele, esquece o cabelo... quem você vê?
L - MY.SWEET.JESUS. É o Zacarias da minha sala!
C - SIM! O Zacarias da sua sala é o ZAC HANSON!
L - COMASSIM? QUEM É ZAC HANSON, GENTE? É aquele um que tinha a música na nov... É AQUELE ZAC HANSON? MENTIRAAAAAAA!
C - SIM! É AQUELE ZAC HANSON! MEU DEUS, VOCÊ ESTUDA COM O ZAC HANSON! MEU DEUS, ELE É IRMÃO DO TAYLOR! MEU DEUS, EU TENHO QUE CONHECER O TAYLOR HANSON!
L - OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOPA, devagar com o andor que o santo é de barro! Quem disse pra você que eu vou virar BFF do Zacarias de repente? Eu não fui com a cara dele, sendo ele Zac Hanson ou não!
C - Por favooooooooooor Laurinha lindaaaa! Eu preciso conhecer o Taylor Hanson!
L - Calma, Cecília Maria! Você sabe se ele ainda tá vivo? Se ainda existe?
C - UAI, mas se o Zacarias existe, porque é que ele não existiria? POR FAVOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOR?
L - Ai Cecilia, só o que me faltava, ter que lidar com suas tietagens a essa hora da noite. Vou pensar no seu caso.
Cecília sabia que a frase “VOU PENSAR NO SEU CASO” na verdade era : OK, vou te ajudar.
C - Obrigadaaaaaaa! Te amo te amo te amo!
Como no outro dia elas tinham que acordar cedo pra aula (o que significava que teriam que acordar ainda mais cedo pra pegar o ônibus no horário) , e ainda não tinham entrado no fuso local, trataram de dormir cedo.
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Zac ficara em casa jogando videogame a tarde toda, coisa que amava fazer... Aproveitou o dia enquanto os irmãos ainda não oficializaram os ensaios no estúdio que Taylor arrumara.
A noite deitado em sua cama fechava os olhos tentando dormir, mas a única imagem que vinha na sua cabeça era a da garota do óculos enorme trombando com ele. Quem diria que a garota da câmera estaria na sua sala? Afinal das contas, Zac tinha achado que ela era só uma turista. Era fácil achar turistas com câmeras profissionais que não sabiam nem pra quê tantos botões numa máquina só. Aparentemente, ele tinha se enganado. Ela gostava mesmo de fotografia. Só podia gostar MUITO, pra vir do Brasil fazer esse curso... Zac tremeu um pouco quando pensou em “BRASIL”... Toda aquela gente, aquele tumulto... aquelas garotas chorando, o agarrando pela mão, querendo ganhar um abraço, passar a mão no seu cabelo... a gritaria (que era comum em todos os lugares pelos quais passavam, mas no Brasil as garotas realmente tinham a garganta de ouro)... ele tinha ficado realmente um pouco traumatizado. “Tem certeza de que você é brasileira, Laura? Você é tão branca... e tão magra... num é possível. Tem algo errado nisso aí, produção!” - Zac riu de si mesmo. Como ele poderia estar pensando tanto numa garota que ele mal conhecia, e que era tão mal humorada? “Bom, pelo menos ela pareceu ser mal humorada... ai Zac, vai dormir, meu. Seu mal é sono!”
Acabou revirando de um lado pra outro na cama e o início de uma música nova veio a sua cabeça, ouviu o barulho na sala e foi ver qual dos irmãos estavam acordados.
- Ike, me ajuda aqui, anota essa letra...
Ike que estava assistindo a TV prontamente pegou um bloquinho de papel e uma caneta que estavam perto.
- Manda.

Passaram algumas horas trabalhando na canção, enquanto Taylor dormia em seu quarto. Quando Zac percebeu já era tão tarde que era fácil de prever o sono na aula seguinte.

23 de out. de 2013

Capítulo 5

Então chegou o tão esperado dia de aulas.... Laura não se aguentava de tanta ansiedade. Cecília estava com medo. Não sabia o que esperar... quer dizer, ela gostava de dançar, mas era FATO que ela ia se encontrar no meio de um bando de gente PROFISSIONAL... e ela era o quê mesmo? Ah, uma chef. ¬¬
- pensou sozinha, enquanto enfiava as sapatilhas dentro da mochila.
L - Cecíliaaaaa! Vamo! A gente vai se atrasar, minha filha! - Laura, quase na porta de saída, gritava desesperadamente. - A gente vai perder o ônibus, Cecyyyyy!
C - Juro. Quando eu chegar da aula, vou entrar na internet e procurar um carro usado mesmo. O mais barato que eu achar, vou comprar. Você sabe que eu odeio depender de ônibus, não dá pra ter imprevistos com ônibus.  - veio esbravejando pelo corredor - Ai Laurinha, acho que eu num vou. Tou com medo. - parou de andar e encarou a amiga.
L - AI POR FAVOR, NÉ CECÍLIA MARIA! Parece eu! A medrosa dessa casa sou EU, apenas páre de querer roubar meu posto!
C - Mas é que...
L - Mas é que nada! - andou até onde a amiga estava, e a pegou pela mão - vambora senão a gente vai se atrasar, e não quero me atrasar logo no primeiro dia. Já sou brasileira, não posso ser a atrasada também.

E lá se foram as duas, num frio de 6 graus, pro ponto de ônibus. Todas as pessoas passavam quentinhas e confortáveis dentro de seus carros, tomando seu café, e elas ali, no ponto de ônibus.
C - Droga. Precisamos de um carro. Tá frio. Quero ir embora. Num vou conseguir dançar desse jeito, já não sinto meus dedos dos pés.
L - Páre de reclamar ao menos um pouco e aprecie a paisagem! Olha que dia lindo que está fazendo! Olha à sua volta! Olha que céu azul, olha a luz do sol refletida na água...
C  -A única coisa que eu consigo reparar nesse momento é nesse sol de enfeite. HUNF. PRa quê um sol que não esquenta?
L - Você vai ficar melhor se eu te pagar um chocolate quente quando chegarmos na faculdade?
C - Mané me pagar um chocolate quente! Você mal tá pagando a passagem do busão!
L - EEEEEEEEEEEEEI! Sou pobre, porém honrada! Ainda tenho dinheiro pra pagar um chocolate quente pra minha amiga! OLHAÍ, o ônibus chegou! Vamos!
Aquele sistema de enfiar as moedinhas na máquina até dar o valor da passagem ainda era novo pra Laura e Cecília. Elas ficaram meia hora pra conseguir descobrir aonde enfiar as moedas, e mais meia hora pra enfiar todas elas no buraquinho, formando uma fila atrás delas, deixando o motorista impaciente e as pessoas que já estavam sentadas, beeeem irritadas. Quando elas foram procurar um lugar pra sentar, se sentiram como dois ETs. TODOS OLHAVAM PRA CARA DELAS.
C - Ah, vão pro inferno, todos vocês. - Cecília resmungou em português mesmo, o que fez Laura cair na gargalhada. E aí a Cecília percebeu que aquilo deixava as pessoas confusas, além de ser mega engraçado. Conclusão : Cecília foi o caminho inteiro ofendendo as pessoas em português e fazendo Laura quase se molhar toda de tanto rir. Aquilo melhorou o humor de Cecília, e quando chegaram à faculdade, ela nem parecia mais a Cecília rabugenta que tinha entrado no ônibus.
Como prometido, Laura pagou o tal chocolate quente pra amiga. E então chegou a hora mais difícil : ir cada uma pra sua sala. De todas as merdas e encrencas que elas já tinham se enfiado até aqui, essa era a primeira vez que elas teriam de se “separar”. Isso assustava. Mas era um desafio novo, e todo investimento que elas fizeram não poderia ser à toa. Era hora de encarar o desafio.

Cecília entrou na sala. Carteiras e mais carteiras. Algumas pessoas já estavam sentadas. Ela se sentiu a Laura no primeiro dia de aula, procurando um lugar pra sentar. Sentou-se numa carteira encostada à janela, a terceira. E lá ficou, quieta, olhando pra porta, pra ver se achava alguém que lhe desse um sorriso e lhe oferecesse uma oferta de amizade.
E então Cecília olha pra porta e começa a rir. Uma garota ruiva, de boina, com uma bolsa de dança enorme, toda atrapalhada, entra tropeçando pela porta, tentando segurar o copo de café com uma mão e o celular com a outra. Pior de tudo: a menina sentou-se ao lado dela. OK, ela tinha mesmo pedido por um amigo. Mas tinha que ser logo a menina atrapalhada? Como se já não bastasse a Laura de desastrada na sua vida, e ela própria, agora teria mais uma... “mas pera, o que é que eu tou pensando? Eu nem sei se a garota vai querer ser minha amiga! Aliás, nem sei se ela vai reparar em mim aqui!” - pra quem ainda não percebeu : SIM, Cecília faz drama e sofre por antecipação. Mesmo assim, ela arriscou um sorriso quando percebeu a menina olhar pra ela.
C - Você... quer uma ajuda?
P - Sério? Você pode segurar o meu copo pra eu tentar me desenrolar dessa alça? - e já foi logo dando o copo na mão de Cecília. Quando ela finalmente conseguiu se livrar da bolsa, guardar o celular e pegar o copo de café de volta, sentou-se e estendeu a mão. - Meu nome é Paige. Nice to meet you!
C - Nice to meet you, too! Eu sou a Cecília.
As duas começaram um papo super engajado, e quando viram, o professor já tinha entrado na sala e começado a falar há tempos.
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Laura analisou a sala de ponta a ponta e escolheu o lugar mais próximo a mesa dos professores, mas não a primeira carteira... Já era taxada como nerd em todo canto, não precisava de mais essa. Brasileira, sem dinheiro e nerd, muitos adjetivos pra um dia só!
Outras pessoas começaram a chegar e ela foi ficando apreensiva, já imaginava que tipo de gente a cercaria dessa vez e se fosse preciso, será que encontraria ao menos uma pessoa que a entendesse como no colégio? Quase se esquecera de que seriam apenas 6 meses, para quê se preocupar tanto?
Um garoto entrou na sala, olhando cada canto como ela havia feito e isso a resgatou de seus pensamentos, de repente ele começou a andar e parecia vir em sua direção, ela inclusive teve a impressão de que ele olhara para ela, mas havia de ser só impressão.
“Não não não, na minha frente não!” – Pensou Laura, torcendo para que ele fosse para o fundo da sala. Então aconteceu o que temia! O coitado escolhera o lugar de nerdice sem fim. Acima da angústia, sentira pena dele. Será que nunca sofrera bulliyng na escola? Achou que não.
O professor então chegou, todos se sentaram em qualquer lugar que havia sobrado e aquietaram-se. Um homem alto e magro, de paletó, com uma mecha branca a frente dos fios de cabelo. Laura olhou para ele e se lembrou daquele jornalista, como era mesmo o nome dele? Teve vontade de rir, mas ninguém entenderia a piada. William Bonner, isso!
Então William começou a aula se apresentando, e seu nome por coincidência era exatamente esse.
Mostrou a grade de aulas que daria nos próximos dias, passou a lista de materiais que ele necessitaria e pediu para que todos os alunos se apresentassem, um a um.
Pra variar começou pela fileira dela.
Já não tinha ido muito com a cara de seu “vizinho” da frente, quando ele disse seu nome ela quase não se aguentou de vontade de rir e pensou que era bom mesmo que Cecília não estivesse ali, não teria controle sobre si olhando para ela que entenderia todo o motivo de graça na mesma hora.
Se surpreendeu com uma garota brasileira do outro lado da sala que se apresentou dando um tchauzinho para Laura... Se sentiu tão sociável retribuindo, logo no primeiro dia. Parabéns Laura!
No decorrer daquela aula conheceram melhor suas câmeras, para que servia cada botão e opções, ainda meio por cima, mas foi assim até terminar.
Todos levantaram de seus lugares para deixar a sala, enquanto Laura guardava suas coisas olhou para a garota brasileira na esperança de que pudesse conversar com ela, a viu então conversando com outra menina, reparou que a maioria já estava socializando com as pessoas que se sentaram perto delas, já começou a se desesperar novamente, pegou sua bolsa e saiu da sala com tanta pressa que mal notou um dos alunos que já estavam fora da sala voltando para dentro dela, trombou na pessoa com tanta força que quase perdeu os óculos.
- Sorry! Esqueci meu caderno aqui e vim buscar e não te vi saindo, me desculpe mesmo!
- Ok. – Disse ajeitando os óculos de volta ao lugar. – Também não te vi, tá tudo bem.
Virou-se de costas, saindo dali a passos firmes, quando avistou Cecília. Era um alívio finalmente rever a amiga, embora a visse conversando com outra garota aos risos. Não sabia se gostava daquilo!
De qualquer maneira continuou ao encontro das duas que pareciam falar sobre ela, só podiam estar rindo da trombada com o infinitamente nerd de sua sala.
O garoto de nome estranho... quer dizer, estranho mesmo se ele morasse no Brasil. Será que ele imaginava que Zachary é Zacarias no país dela e que seria muito zoado por lá?

Cecília apenas não sabia o que lhe esperava pela frente – pensou Laura. – As histórias dela tirariam a atenção daquela outra garota rapidinho, pelo menos era o que esperava.

27 de set. de 2013

Capítulo 4

L - E se eu te disser que estou com muito medo? – As duas haviam se acomodado em seus devidos lugares, Laura na janela e Cecília ao seu lado na poltrona do meio.
C – Então pra que pediu lugar na janela oras?
L – Não, do avião não... Dos próximos 6 meses, serão tão decisivos. Eu estava tão animada, agora que é oficial estou numa tensão só!
C – Relaxa Laura e aproveita. No mínimo, teremos as férias mais legais de nossas vidas. Só você e eu em Seattle, tudo pode acontecer... hahaha.
O avião saiu de São Paulo no Brasil por volta das 08:45 da manhã e foi chegar em Seattle nos Estados Unidos lá pelas 22:00.
Desceram do avião, fizeram todo o procedimento necessário para entrada no país, recuperaram sua bagagem e pegaram um táxi para chegar a casa alugada previamente.
Só fizeram chegar e arrumar o necessário para dormir, o lugar era aconchegante e nada luxuoso, porém tinham tudo o que era necessário e pelo aluguel super em conta não podiam reclamar de nada.
Combinaram de acordar pelo menos as 10:00 no outro dia para explorar o local. Pela manhã andaram para lá e para cá admirando as paisagens conforme o frio permitia, Laura tirando algumas fotos, enquanto Cecília notou um cartaz em um Starbucks pedindo currículos para possíveis funcionários... Veria isso logo que possível.
C – Laura, tira uma nossa pra postarmos no Orkut  avisando a todos que chegamos e estamos bem.
Juntaram os rostos e sorriram para a câmera que soltou seu flash, captando o início da mudança de suas vidas. (antes que vocês digam que somos OLD SCHOOL, lembrem-se : estamos em 2004)


T – Eu consegui um estúdio maneiro pra gente em Seattle, lá vamos poder compor, ensaiar e até gravar... Foi a melhor maneira que encontrei de virmos sem parar nosso projeto, porque atrasar ainda mais que esse CD saia me dá nos nervos só de pensar.
Z – Ótimo! Minhas aulas são pela manhã, temos a tarde e a noite toda para isso.
I – Combinamos os mesmos dias e horários que já fazíamos em Tulsa, depois o que sobrar fica pra gente... Já que estou a caminho de Seattle, alguma diversão tenho que ter.
T – Falou e disse Ike.
Ao verem a fachada da casa escolhida reconheceram na mesma hora... Por dentro era bem espaçosa, Zac inicialmente imaginou ter exagerado na escolha, mas tudo bem, o aluguel para eles não era problema e era bom terem cada um seu espaço nessa viagem... Não estava a fim de aguentar mal humor de ninguém.
Olhou no relógio, 09:45 da manhã, passaram a noite toda viajando... Caiu na cama com a roupa do corpo mesmo, só pensava em descansar, quando já sentia seus sentidos desligarem um a um, Isaac e Taylor entraram no seu quarto o acordando.
T – Hey, pode levantar... Vamos sair um pouco, olhar ao redor, nada de dormir.
Z – Caras, eu to só o pó! Preciso dormir e agora.
I – Claro que não, a gente passa em algum lugar e você toma um café!
Relutante, levantou, foi ao banheiro dar uma lavada no rosto, pegou a carteira e saiu com os irmãos. Reparou nas casas e arvores ao redor, já imaginava suas fotos nos próximos dias.
Então, avistaram um Starbucks alguns quarteirões a frente, tomaram seu café por lá e conversaram sobre música e os próximos passos da banda. Enquanto isso, duas garotas passavam por suas janelas, pararam e tiraram uma foto de ambas soltando um flash.
Zac olhou com atenção, a câmera da garota morena era muito parecida com a sua, observou quando elas foram embora e pensou que já havia começado a gostar do lugar!
Faltavam apenas 3 dias para o início das aulas.

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C - Laura, acho que vou levar meu currículo lá naquele Starbucks... será que eu consigo?
L - Ah, consegue sim! Você manda bem no inglês, bem melhor do que eu, por sinal... manda! Num custa nada! Se bem que, se tem alguém aqui que tem que trabalhar sou eu, né... você ainda tem suas economias, eu que já tou quase sem grana!
C - Ai Laura, cala a boca! Se você ficar broken antes de conseguir alguma coisa, seu Cecilia’s bank está à disposição 24 horas por dia, 7 dias na semana! HAHAHAHA
L - Só você mesmo, né amiga? Sempre me fazendo rir, até nos momentos mais desesperadores... acho bom eu levar um currículo nessa Starbucks também, porque eu vou precisar trabalhar, além de termos que pagar as contas, eu ainda vou ter que comprar um monte de livro do curso, e um INFINITO de lentes pra câmera... porquê foi que eu inventei isso mesmo, hein? - às vezes Laura tinha dessas, de parar e pensar porquê é que ela tomava certas atitudes.
C - Porque esse é o SEU sonho, e sonho a gente corre atrás, simples assim. Ei, relaxa, se você precisar de grana, é só me pedir. Sério.
Laura sorriu. Sabia que a amiga era assim, e que se ela passasse mesmo algum perrengue, a amiga estaria ali pra ajudar... era assim desde que tinham se conhecido. Aliás, quando Laura conheceu Cecília, ela já tava num perrengue... lembram?


Lá foram as duas com os curriculos embaixo do braço, lá naquele mesmo Starbucks em que tinham parado pra tirar uma foto... deixaram os papéis e aproveitaram pra tomar um chocolate quente, o frio lá fora estava cortante, apesar de já estarem praticamente no final de fevereiro.

25 de set. de 2013

Capítulo 3

Cecília havia acabado de contar aos pais sobre os planos da viagem, quando Laura chegou a sua casa toda esbaforida, visivelmente abalada. Já no quarto:
C – Ei, qual é o problema com você?
L – Cecília, não sei o que fazer... Tenho organizado tudo, inclusive conversei com meu chefe, fico até o fim do mês no banco, depois me mando de lá! Mas minha mãe, isso será o maior problema, todo dia acordo, me olho no espelho e me encorajo a conversar com ela, mas quando estamos cara a cara tenho até vontade de chorar.
C – Laurinha, amiga, diga a ela qualquer coisa, que vai fazer um intercâmbio pra melhorar seu inglês, ela vai ficar toda feliz, tenho certeza! Não conte a verdade, você vai arranjar uma discussão sem necessidade.
Laura sabia que devia seguir o conselho da amiga, inventar uma desculpa, não contar a verdade para evitar brigas, era óbvio que sua mãe teria um ataque ao saber dos reais planos da filha para os próximos meses.
No fundo, Laura desejava mesmo é que seus pais a apoiassem a seguir a profissão que mais queria, mas se não podia ser assim, ela prometeu a si mesma que não desistiria, mesmo que precisasse conquistar tudo sozinha, mesmo que precisasse enfrentar tudo e todos.
L – Foi isso o que você fez?
C – Exatamente! Disse a minha mãe que farei um curso complementar de gastronomia rápido em Seattle, tudo certo, sem questionamentos. Eu já cozinho bem, levo jeito pra coisa naturalmente, você sabe... Ela nem vai notar!
L – Ai Cecy, só que pensa comigo, estou pedindo as contas no trabalho, não posso mentir também sobre isso, se ela descobrir depois será ainda pior.
C – Bom, você quem sabe. Eu só quero o melhor pra você, estou aqui pra tudo, ok?
L – Já sei, você me deu uma ótima ideia. Vai comigo falar com minha mãe.
C – Você tá louca garota? Que morra você sozinha, prometo que vou ao seu enterro tá?
L – Engraçadinha... Você vai comigo sim, preciso de você e se bem ouvi, estará aqui comigo pra tudo né?
C – Droga! Eu tenho mesmo que tomar cuidado com o que falo perto de você... Ok, eu vou, eu vou. Quando pretende fazer isso?
L – Ai, te amo amiga – Disse lhe dando o sorriso que só os amados de Laura o conheciam – Obrigada, obrigada! Você tem sido a melhor amiga de todas do mundo inteirinho.
C – Quando Laura? – Disse Cecília fingindo um mal humor.
L – Bom, temos cerca de duas semanas, o que você acha?
C – Por mim iríamos lá agora mesmo, seus pais estão em casa?
L – Ai meu Deus Cecy, será? Eles estão sim.
C – Vamos. Chega de sofrer de ansiedade, se você está tão decidida como eu sei que está, as coisas irão acontecer de uma maneira ou de outra. Vem! – Disse segurando em seu braço e a levando para sua casa.
Um momento depois estavam na porta de Laura, ela respirava fundo e ensaiava para abrir a porta.
C – Vai amiga, eu to aqui.
Laura abriu a porta e deu de cara com a mãe indo da cozinha para a sala, onde o pai estava.
C – Olá dona Helena! Olá Sr. Mário.
M – Olá!
H – Oi Cecília. Laura, você está bem? Está meio pálida.
As duas garotas sentaram no sofá que estava vazio, enquanto Laura procurava por onde começar.
L – Mãe, pai, preciso conversar com vocês.
M – Aconteceu alguma coisa?
L – Mãe, eu larguei meu emprego.
H – Como? Porque? A Joana conseguiu a vaga pra você, disse que havia muitas chances de você fazer carreira lá dentro, não entendo.
L – Vocês sabem que desde o início não concordo em levar essa vida administrativa que sonham pra mim não é? Estive no banco esse tempo com apenas um objetivo. Hoje tenho como me bancar para fazer o curso de fotografia que tanto quero e em Seattle, me matriculei há alguns dias, já tenho onde ficar e espero conseguir um “bico” por lá. Eu e a Cecy... - Ela teve que respirar fundo antes de continuar - viajamos daqui duas semanas. – Terminou jogando as palavras como se tivesse medo de perder a coragem.
H – Fotografia? Em Seattle? Você pirou de vez. Vocês estão juntas nisso? – Indagou apontando para as duas no outro sofá.
C – Sim dona Helena, vou fazer um curso de gastronomia no mesmo lugar que a Laura, minha mãe já sabe e está de acordo.
Um silêncio enorme se fez na sala, no rosto de Helena havia apenas indignação, até que todos ficaram incomodados com isso. Helena já ia abrindo a boca para dar o maior sermão da montanha na Laura (como já era esperado por ela e até por Cecília, que conhecia a mãe da amiga muito bem) , mas foi cortada pelo marido.
M – Deixe ela ir.
H – O quê? Como assim Mário?
M – Você ouviu bem, deixe ela ir. – E mesmo que falasse com a mulher, olhava diretamente para Laura. - Já se matriculou e arrumou lugar para morar, isso não me parece um pedido, e sim um comunicado. 6 meses bancando a si mesma, curso, aluguel, contas, lavando a própria roupa, fazendo a própria comida. Eu espero que isso dê um rumo para você, minha filha – Finalmente se dirigindo diretamente a ela. – É hora mesmo de você amadurecer.
L – Pai, me desculpe! Não quis ofendê-los indo atrás de tudo sem comunicá-los, é só que se não fosse assim não seria, entende? Me dêem 6 meses, se isso não der certo, prometo que desisto e faço o curso que vocês quiserem daí em diante.
Cecilia arregalou os dois olhos, por um momento sentiu medo pela amiga, era o sonho dela que estava em jogo.
M, H – Fechado! – Os pais concordaram juntos se entreolhando.
L – Ok, combinados.
Se levantou, com uma expressão muito séria, puxando Cecília consigo para fora da casa, ao passarem pela porta desabou em lágrimas, recebendo um abraço da amiga.
C – Amiga, não fique assim, são seus pais, eles querem o melhor pra você, é normal. Eu estarei lá com você e não te deixarei cair ok? Vamos conseguir, tenho certeza.
L – É isso. Eu vou mostrar pra eles que não estou errada. Vamos conseguir amiga. – Secou as lágrimas, se despediu de Cecília que voltou pra casa e subiu para o seu próprio quarto.
Foi uma noite difícil de dormir, mas após algumas horas pegou no sono e sonhou com Seattle.
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D - E vocês já arrumaram tudo por lá? Casa, estúdio para ensaiarem?
Z - Sim, mãe, já está tudo certinho nessa parte. Semana que vem nós já estamos indo pra lá. Minha matrícula no curso também já está certa. Agora é só ir... e dar o melhor de mim.

Diana sorria, ao ver o filho tão determinado por algo que queria. De seus três filhos mais velhos, ele sempre tinha sido o que menos tinha exposto seus sonhos e vontades a ela. Sabia que ele deveria mesmo querer isso, pois tinha movido céus e terra, e até convencido os irmãos (em especial Isaac, que ela conhecia bem e sabia que não tinha um gênio nada fácil) a estarem ao seu lado. Ela estava com medo? SIM. Mas ela se sentia ainda mais orgulhosa do filho. Eles realmente estavam crescendo.

D - Filho, você quer que a mamãe vá junto com vocês, pra decorar a casa, colocar algumas coisinhas na geladeira? Eu fico lá por uma semana, e depois volto... seu pai pode cuidar das coisas aqui por mim.
Z - Mãe, obrigada, de coração, mas realmente não é necessário... a Zöe ainda é pequena e muito dependente da senhora. E outra, tá mais do que na hora de a gente aprender algumas coisas com a vida, né? Mas eu agradeço, mãe, de coração.

Diana concordou, Zac estava certíssimo. Seus três filhos mais velhos nunca tinham sido do tipo rebeldes e ingratos. Pelo contrário, desde pequenos, sempre agradeciam tudo o que a mãe fazia para eles, até quando ela ia guardar as roupas limpas nas gavetas. Isaac foi o primeiro, Taylor observou e pegou isso de Isaac, e passou também para Zac. Diana não poderia, nem por um instante, imaginar que eles não se virariam bem em Seattle. Ela sabia que eles iam dar conta de tudo... e sabia também que, esse tempo só para os três, seria ótimo para que eles se descobrissem melhor como banda, como irmãos e como indivíduos.

Walker acertava todos os detalhes "administrativos" com Isaac. Desde que começaram a ser uma banda e ganhar muito (é MUITO mesmo) dinheiro, era Walker quem cuidava de tudo para eles. Walker nunca gastou UM CENTAVO do dinheiro dos filhos, mesmo quando eles estavam em turnê pelo mundo, quando tinham tempo livre para passear, Walker levava a família toda para parques, museus, tudo com o seu próprio dinheiro. Sua posição na petrolífera o permitia que trabalhasse em qualquer lugar do mundo, de maneira que eles nunca ficariam desamparados. Quando os meninos cresceram, eles cogitaram pagar um salário ao pai, já que ele era o empresário deles, mas Walker não aceitou. Ele não achava certo, quem tinha se apresentado eram os meninos, portanto o dinheiro era todo e exclusivo deles. Eles nem faziam idéia de quanto dinheiro tinham em sua conta. Teriam agora, e Walker esperava, do fundo de seu coração, que eles não deixassem o dinheiro subir às suas cabeças.

Zac e os irmãos acertaram todos os detalhes para a partida com os pais, e quando ele menos esperava, era hora de arrumar as malas para partir nessa aventura de 6 meses que, com certeza, mudaria muitas coisas em sua vida.

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Laura estava sentada no meio de seu quarto, com a mala aberta e as roupas em cima da cama. Ela realmente não sabia o que ia colocar lá dentro. Talvez colocasse tudo? Afinal, eram 6 meses, e não 6 dias.

Alguém batia na sua porta.
"ENTRA!" - ela gritou, mesmo sem a menor vontade de receber alguém naquele momento. Ela precisava se concentrar, realmente se concentrar, na arrumação da mala (e ela ia ter que fazer esses 6 meses caberem numa mala só, foi a única mala grande que seu dinheiro restante pôde comprar), e alguém a atrapalhando nesse momento não iria ajudar em nada.

M - Atrapalho? - o pai perguntou, sabendo exatamente o que se passava na cabeça da filha. Ela achava que não, mas o pai a conhecia como a palma da sua mão.
L - Claro que não, pai... eu só tou meio perdida com a mala... não sei o que levar. Tem que caber 6 meses de vida nessa mala.
M - Tenho mais uma para você. - revelando o que tanto escondia atrás de si desde que entrara no quarto, estendeu a imensa mala azul céu para ela, a cor que ela mais gostava.
L - Pai... o senhor não precisava ter comprado uma mala para mim. Eu já tinha comprado uma, e eu disse que não queria gastar o dinheiro de vocês, que eu ia fazer tudo por conta própria.
M - Sim Lau, eu sei disso tudo. Mas eu posso ao menos dar um presente de "independência" pra minha filhinha, que tá saindo de debaixo das minhas asas pra voar sozinha?

Laura riu pro pai... a única coisa que ela não queria agora era chorar, portanto, ela tratou de levantar e abraçá-lo. Segurou as lágrimas que já queriam correr pelo rosto, respirou fundo. E sorriu. Queria mostrar pro pai que ela tava confiante e que tudo ia dar certo, mesmo que ela estivesse morrendo de medo por dentro.

M - Lau... eu só queria que você soubesse que, se precisar de qualquer coisa, eu estarei aqui. Eu e sua mãe.
L - Mamãe não gostou muito da idéia de eu ir estudar fora, ainda mais fotografia. Por ela, eu ficaria a vida inteira enfurnada naquele banco, e eu não quero isso pra mim, pai...
M - Filha, eu sei que você não quer isso. Sua mãe tem sonhos e expectativas pra você, tente entendê-la. Assim como eu tenho tentado fazê-la entender que os sonhos dela não são e nem podem ser os seus. Você é uma pessoa completamente diferente dela. Ela não pode querer que você seja o que ela queria ter sido... querida, de minha parte, tenha certeza de que eu estarei sempre te apoiando. Acho mesmo que esse tempo será ótimo para você, para que você se descubra. - ele percebeu que a filha estava segurando o choro. Sabia que ela era orgulhosa demais para demonstrar seus medos. Ele mesmo era assim. - Bom, vamos arrumar essas malas? - o pai sentou-se na cama e começou a pegar as roupas dela, uma a uma.  - Isso não, né Lau? Isso é brega demais!
Ela e o pai ficaram ali, sentados, rindo, por horas.

Cecília passava pelo mesmo dilema : O QUE LEVAR?
As trezentas malas roxas, no chão, aguardavam ansiosamente por roupas. Uma coisa ela já sabia : teria que levar uma mala apenas para os seus sapatos. Com isso ainda lhe sobravam duas malas. E ela teria que fazer todos os seus vestidos, saias, blusinhas, calças, casacos e afins caberem ali.
C - Vaaaaaaaamo Cecília, pensa... você consegue. Faz uma lista.
Ela pegou um papel e começou a listar tudo o que achou que seria interessante levar.
A irmã bateu na porta do seu quarto.
Cl - Cecília? - ela abriu uma frestinha e ficou olhando por ela.
C - Entra, pirralha!
Cl - A mamãe tá te chamando pra jantar... o que aconteceu? Passou um tornado por aqui, é?
C - HAHAHA, engraçadinha. Não tem tornados no Brasil.
Cl - AINDA. Mas terão. O clima está ficando doido, e você tá percebendo.

C - PUTZ, você tá ficando nerd que nem a Laura. ARMARIA, num vou aguentar duas nerds em minha vida... - Cecília olhou pras roupas no guarda-roupa e seu estômago roncou. - Ah, vamos comer, depois eu termino isso! - pegou a irmã mais nova pela mão e desceram para encontrar a mãe na cozinha.